STF deve julgar Bolsonaro e aliados em 2025 para evitar impacto nas eleições de 2026

Três ministros e auxiliares destacaram que a iniciativa é essencial para evitar discussões prolongadas sobre as investigações

Ex-presidente foi indiciado por abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Ex-presidente foi indiciado por abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Ministros do Supremo Tribunal Federal ( STF ) avaliam que os julgamentos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro ( PL ), militares e aliados sejam realizados até o primeiro semestre de 2025.

A medida visa evitar que os processos se estendam até o período eleitoral de 2026. Segundo a Folha de S.Paulo ,  três ministros e auxiliares, sob condição de anonimato, destacaram que a conclusão das ações no próximo ano é essencial para evitar discussões prolongadas sobre as investigações.

Entre os integrantes da Corte, há consenso sobre a importância de dar uma resposta definitiva antes do pleito presidencial e, se for o caso, iniciar o cumprimento das penas antes do início do processo eleitoral.

Fim das investigações


A Polícia Federal (PF) finalizou na última quinta-feira (21) as investigações acerca dos planos golpistas de Bolsonaro e aliados para reverter o resultado das eleições de 2022. O relatório final, com cerca de 800 páginas, foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes e aponta o indiciamento de  37 pessoas por crimes como abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Moraes analisará os documentos até o fim de semana e, em seguida, enviará o parecer para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se denuncia ou não os envolvidos.

PGR sem prazo para análise


Segundo a Folha, auxiliares de Paulo Gonet, chefe da PGR, afirmaram que não há prazo definido para a conclusão da análise do relatório. A coluna de Mônica Bergamo informou que a análise só deve ser finalizada em 2025.

Segundo a equipe de Gonet, é provável que sejam solicitadas diligências adicionais à Polícia Federal, seguindo o padrão adotado em outras investigações relacionadas a Bolsonaro. Além disso, a PGR planeja integrar o relatório final a outros casos já investigados, como a venda de joias em benefício de Bolsonaro e a falsificação de carteiras de vacinação.

Para Gonet, esses casos podem estar interligados, e uma análise conjunta permitirá contextualizar melhor os fatos.

Entenda o caso


O relatório da PF concluiu que Bolsonaro participou de uma trama para impedir a posse de Lula (PT). Provas e a delação do tenente-coronel Mauro Cid indicam que o ex-presidente apresentou aos chefes das Forças Armadas uma proposta de golpe de Estado.

Entre os militares envolvidos, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado tropas à disposição do plano, fato corroborado pelos comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Júnior.

A investigação revelou também a elaboração de planos para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com os investigadores, Bolsonaro tinha ciência do esquema formulado pelo general da reserva Mário Fernandes, que ocupava cargo estratégico no Palácio do Planalto.

Apesar disso, o plano de ataque foi abortado no dia 15 de dezembro de 2022. Uma mensagem entre os militares envolvidos indicava a desistência: *"Abortar... Áustria... volta para local de desembarque... estamos aqui".

Dos 37 indiciados, 25 são militares, incluindo sete oficiais-generais. Entre eles estão nomes de alto escalão, como Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Estevam Theophilo.

A investigação segue agora para análise da PGR, enquanto cresce a expectativa sobre a definição do STF para o julgamento em 2025.