As bombas caseiras utilizadas por Francisco Wanderley Luiz no ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (13) foram descritas pela Polícia Federal (PF) como artefatos com alto poder de destruição. De acordo com as autoridades, os explosivos, fabricados com tubos de PVC , pólvora e fragmentos metálicos, tinham um grau de lesividade elevado, com o potencial de causar danos ainda mais severos.
Wanderley Luiz, de 59 anos, tentou lançar os dispositivos conhecidos como "pipe bombs" contra o STF, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. No entanto, o ataque resultou em sua própria morte, quando um dos artefatos que ele acionou explodiu prematuramente. A PF detalhou que os explosivos simulavam granadas e estavam projetados para causar o máximo de danos possíveis.
"Esses artefatos tinham um grau de lesividade muito grande e poderiam causar danos ainda mais severos", afirmou Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, em uma entrevista coletiva à imprensa na sexta (15).
Os "pipe bombs", fabricados com tubos de PVC, continham pólvora e elementos de fragmentação como parafusos e porcas, que ampliavam a destruição. Alguns artefatos possuíam mecanismos para acionamento manual, enquanto outros eram acionados remotamente, sugerindo maior sofisticação. "Encontramos elementos que simulavam granadas, mas com um impacto muito maior devido ao material de fragmentação", explicou Rodrigues.
O ataque foi frustrado em parte pelas condições climáticas. A intensa chuva na noite do atentado diminuiu a capacidade dos explosivos, impedindo danos mais graves. No entanto, fragmentos dos artefatos ainda causaram estragos parciais no local onde explodiram, conforme as investigações.
Durante as buscas, a PF encontrou mais explosivos em locais relacionados a Wanderley Luiz, como seu veículo, um trailer alugado e sua residência em Ceilândia, no Distrito Federal. Alguns desses artefatos estavam armados e precisaram ser detonados controladamente pelas equipes de segurança.
Além das bombas caseiras, a PF também revelou que o suspeito utilizava um extintor de incêndio adaptado, carregado com gasolina, que funcionava como um lança-chamas improvisado. "Esse conjunto de artefatos evidenciava uma ação cuidadosamente premeditada e de alta gravidade", afirmou o diretor-geral da PF, ressaltando a seriedade do plano.
Rodrigues destacou que o ataque foi resultado de meses de planejamento, e não de um impulso momentâneo. "Essa pessoa passou meses planejando o atentado, o que nos aponta uma ação cuidadosamente premeditada e não um ato impulsivo", afirmou. Além disso, o suspeito utilizava redes sociais para divulgar suas intenções e publicar mensagens com ameaças explícitas.
A PF está investigando possíveis vínculos de Wanderley Luiz com grupos extremistas, embora o ataque tenha sido realizado de forma individual. "A ação pode ter sido visivelmente individual, mas não acreditamos que esse tipo de ataque seja completamente isolado de outras redes ou ideias extremistas", explicou Rodrigues.
Após o atentado, a segurança em Brasília foi reforçada. A Esplanada dos Ministérios foi isolada para novas perícias, e as autoridades trabalham com outras forças de segurança para evitar novos episódios violentos. A PF segue focada em identificar possíveis cúmplices e esclarecer o financiamento das operações, bem como a origem dos materiais usados na fabricação das bombas.
"Não descartamos nenhuma possibilidade, seja de apoio financeiro, logístico ou de colaboração técnica", concluiu Rodrigues.