Julgamento dos assassinos de Marielle Franco
Luciana Corrêa
Julgamento dos assassinos de Marielle Franco


Após mais de 10 horas de deliberações, o julgamento dos ex-sargentos da Polícia Militar do Rio de Janeiro , Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz , acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes , foi suspenso na quarta-feira (30) e será retomado nesta quinta-feira (31) a partir das 8h.

A sessão teve início às 10h de quarta-feira no 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro, ocorrendo mais de seis anos após o atentado que, em 14 de março de 2018, tirou a vida de Marielle e Anderson. A vereadora foi alvejada por três tiros na cabeça e um no pescoço, enquanto o motorista recebeu ao menos três tiros nas costas.

No primeiro dia de julgamento, além dos réus que acompanharam por videoconferência dos presídios onde estão detidos — Lessa em São Paulo e Queiroz em Brasília — nove testemunhas foram ouvidas: sete convocadas pelo Ministério Público estadual e duas pela defesa de Lessa. A defesa de Queiroz abriu mão de suas testemunhas. A sentença com possíveis condenações pode ser anunciada ao longo desta quinta-feira.

Resumo do primeiro dia de julgamento

No início da manhã de quarta-feira (30), sete jurados foram sorteados, todos homens, para compor o Conselho de Sentença no julgamento dos ex-sargentos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018. Ao longo do dia, nove testemunhas prestaram depoimentos, incluindo familiares e sobreviventes do atentado, trazendo momentos de grande emoção para o tribunal.

A primeira testemunha foi Fernanda Chaves , assessora de Marielle e única sobrevivente do atentado, que relatou os momentos de terror: "Ouvi uma rajada, percebi que estava na nossa direção. Num reflexo eu me encolhi." Fernanda também se lembrou do "suspiro de dor" emitido por Anderson durante o ataque.

Emocionada, Marinete da Silva , mãe de Marielle, descreveu a dor pela perda da filha, afirmando que “essa dor não tem nome”. As viúvas de Marielle e Anderson também deram depoimentos comoventes. Mônica Benicio , atual vereadora (PSOL), declarou: "A única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos." Ágatha Arnaus , viúva de Anderson, descreveu o impacto da ausência do pai para o filho do casal, Arthur, portador de uma síndrome congênita.

O julgamento também foi acompanhado por Anielle Franco , ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, que se disse impactada ao reviver a dor do velório ao comparecer ao tribunal com a família. Marcelo Freixo, ex-deputado federal e amigo de Marielle, lembrou o esforço enfrentado para que o julgamento avançasse, mencionando suspeitas de envolvimento de figuras poderosas nas tentativas de barrar o processo.

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