Andrezza costumava compartilhar registros com o marido nas redes sociais, o que acabou entregando o paradeiro do criminoso
Reprodução / Redes Sociais
Andrezza costumava compartilhar registros com o marido nas redes sociais, o que acabou entregando o paradeiro do criminoso

A Polícia Federal prendeu, nesta semana, o narcotraficante brasileiro Ronald Roland após a segunda esposa dele, Andrezza de Lima Joel, fazer uma publicação nas redes sociais, marcar a localização e acabar entregando o paradeiro dele. Ronald é suspeito de abastecer cartéis de drogas no México e comandar um mega esquema de lavagem de dinheiro com empresas de fachada.

De acordo com os policiais, em cinco anos, ele movimentou uma fortuna de R$ 5 bilhões.

A operação que prendeu o traficante aconteceu em sete estados, envolvendo apreensão de dinheiro, joias, armas, 34 carros, um barco e dois aviões. No total, oito pessoas foram detidas.

Onde ele foi encontrado?

Ronald foi preso depois de dois anos em um prédio em Guarujá (SP). A Polícia Federal chegou no apartamento no momento em que ele, a mulher e a filha estavam dormindo.

Itens de luxo chamaram a atenção dos vizinhos

Embora sempre tenha sido discreto, o preso chamou a atenção da PF depois de se mudar para uma casa grande em um condomínio de alto padrão em Uberlândia, Minas Gerais.

“Uma pessoa chegando em casa com um veículo de R$ 500 mil. Uma semana depois, com um veículo de R$ 1 milhão. Outra semana, com um veículo de R$ 800 mil. Isso chamou a atenção da vizinhança. Quem é essa pessoa que mudou para cá?”, disse o delegado da Polícia Federal em Uberlândia Ricardo Ruiz à TV Globo.

A operação, de acordo com ele, era focada no combate à lavagem de dinheiro do patrimônio que ele adquiriu com os crimes que praticava.

“Foram adquiridas casas em nome de empresas, cujos sócios eram pessoas sem a mínima capacidade econômica para a aquisição de imóveis, veículos, aeronaves. Nós constatamos sócios de empresas, por exemplo, que trabalham em um restaurante, mas que são sócios de várias empresas que movimentaram dezenas de milhões de reais”, afirmou.

O esquema era grande, envolvendo mais de 100 empresas das mais diversas áreas — desde construção civil e aviação, até comércio em geral e investimento em criptomoedas — e mais de 200 pessoas, a maioria sendo laranja.

Segundo o Coaf, órgão de inteligência financeira do governo federal, a ação dos criminosos se dava escondendo dinheiro vivo em sacos de lixo. Eles, então, faziam depósitos fracionados em caixas eletrônicos diversas vezes. Quando percebiam que estavam chamando atenção, iam embora. Em um dos casos, na Zona Leste de São Paulo, por exemplo, esses depósitos envolveram R$ 60 mil, que foram fracionados em 20 envelopes.

Paradeiro foi entregue pela esposa

Andrezza é dona de uma loja de biquínis no Guarujá, litoral de São Paulo, e, segundo a PF, a empresa também foi usada para lavagem de dinheiro. As investigações apontam que, em um dia, a loja recebeu R$ 200 mil em depósitos fracionados. A mulher também foi alvo dos policiais nesta semana.

“O que nós constatamos foi a ausência de capacidade econômica e financeira também da esposa, que construiu uma loja de biquíni que adquiriu veículos, aeronaves”, afirmou o delegado Ricardo Luiz.

A loja, segundo a PF, comprou um avião de R$ 3 milhões.

“Existem anúncios de biquínis, mas se os biquínis eram suficientes para comprar aeronave de milhões de reais, veículos de luxo, é uma outra questão”, acrescentou o delegado.

As publicações nas redes sociais de Andrezza, porém, acabaram entregando o paradeiro do marido. Ela costumava postar registros de viagens em jatos particulares e, pela segunda vez, Ronald foi exposto pela mulher.

Em 2019, o mesmo aconteceu, quando o criminoso estava na lista de difusão vermelha da Interpol e foi preso. À época, a mulher marcou o lugar em que eles estavam, na Zona Leste de São Paulo, e ele foi detido. O homem, porém, foi liberado pela Justiça no ano seguinte.

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