Os filhos dos diplomatas de Gabão, Burkina Faso e Canadá, além do neto do jornalista Ricardo Noblat, estão traumatizados após serem abordados de forma truculenta por policiais militares no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro
. De acordo com um relatório elaborado pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC
) da Alerj
, que se reuniu com os jovens, eles estão com medo de reencontrar os PMs.
"Os jovens encontram-se profundamente traumatizados com o episódio que pode se desdobrar em rupturas significativas em suas subjetividades. Estão evitando sair às ruas, temendo se depararem com viaturas da Polícia Militar e o episódio se repetir, sobretudo por terem sido ameaçados de passarem por um episódio ainda mais violento", diz um trecho do documento assinado pela deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), presidente da CDDHC.
O relatório afirma que os policiais chegaram a pedir para os jovens de 13 a 14 anos levantassem as suas partes íntimas durante a abordagem. Além disso, eles também sofreram ameaças.
"Segundo os jovens, os agentes com suas armas em punho, colocando-as próximas dos rostos dos adolescentes, perguntando o tempo todo, 'cadê', 'cadê'? Os meninos, sem entenderem o que estava acontecia, por óbvio, não responderam à pergunta. O que teria irritado ainda mais os policiais, que teriam feito os rapazes levantar suas partes íntimas, numa revista vexatória em busca de entorpecentes. Frustradas as buscas, policiais ainda disseram aos jovens que da próxima vez seria pior, de acordo com relato dos mesmos", diz outro trecho.
Após o encontro com os jovens, a deputada estadual Dani Monteiro, representando a CDDHC, informou que enviará um ofício à PM para questionar se os agentes envolvidos no episódio responderão por processo administrativo. A comissão também quer saber se o governo do Rio de Janeiro está garantindo a segurança dos jovens.
Itamaraty também se posicionou
Na última sexta-feira (5), O Ministério das Relações Exteriores
recebeu os embaixadores do Gabão e de Burkina Faso. No encontro, o chefe do Cerimonial do Itamaraty, embaixador Mauro Furlan, entregou um pedido formal de desculpas.
Em nota, o Itamaraty também comunicou que está cobrando esclarecimentos do governo do Rio de Janeiro sobre o caso . A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio, por sua vez, declarou que câmeras de segurança acopladas nos coletes dos policiais filmaram a abordagem. O caso está sendo investigado.
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