Fábio Antônio da Costa , 42, evacuou sozinho o prédio em que mora, em Uberlândia (MG), durante um incêndio na manhã de quarta-feira (3). Ele é bombeiro há 16 anos. O fogo começou com uma vela para um anjo da guarda que uma moradora deixou acesa ao sair para trabalhar.
O homem contou que o grupo de moradores começou a comentar por WhatsApp, de manhã, sobre um possível incêndio. Mesmo assim, muita gente não evacuou os andares.
“Eu imediatamente pensei em ir ver o que estava acontecendo, tirei a camiseta, amarrei no rosto e comecei a subir em direção ao fogo", contou o bombeiro ao g1.
Como foi resgate?
Antes do resgate, o bombeiro queria acabar com o foco de incêndio e buscou o início.
O foco do fogo vinha do 11º andar. Enquanto subia, encontrou outro morador tentando ajudar. Ambos seguiram juntos até o 8º andar, onde Fábio percebeu a fumaça adensando e orientou que o homem ficasse para trás.
Rastejando, o bombeiro precisou fazer um plano - a cada antecâmara de incêndio, parava 30 segundos para respirar e seguia até o andar seguinte.
Ele começou a encontrar moradores desnorteados na fumaça, e mudou de plano: em vez de apagar o fogo, sua prioridade tornou-se a evacuação.
Ele guiou para as escadas de incêndio as pessoas que conseguiu ajudar.
Apagando o incêndio
"Era impossível se aproximar da porta do apartamento onde o fogo começou,” contou Fábio. “E durante as minhas tentativas, encontrei alguns moradores perdidos pelo caminho e tentando encontrar a saída em meio a fumaça. Nessa hora meus planos mudaram, e ao invés de acabar com o fogo, minha estratégia se tornou evacuar quem ainda não havia conseguido sair do prédio".
Após a evacuação, o bombeiro preparou as mangueiras de emergência do prédio, e na sequência o resgate do corpo de bombeiros chegou. Ele saiu inicialmente do resgate, pois os colegas de profissão estava mais bem equipados.
Resgate de cachorro
Ao terminar de evacuar o prédio, Fábio se encontrou com uma moradora que pediu para ele salvar o cachorro dela, um labrador de 20 kg preso no 12º andar.
"De início ele me estranhou um pouco, então em peguei um punhado de ração e tentei me aproximar. Depois eu coloquei a coleira nele e tentei descer".
O cachorro ficou paralisado de medo e chegou a urinar no chão. Fábio o carregou no colo por sete lances de escada, até a fumaça abrandar e o cachorro ficar mais tranquilo.
Mulher que acendeu a vela para anjo da guarda
Depois de Fábio resgatar o labrador e voltar ao térreo, a mulher e dona do apartamento no qual o incêndio começou chegou ao prédio. Ela também tinha um cachorro no apartamento, mas ninguém vira o animal.
O cachorro estava escondido atrás da máquina de lavar, vivo. Por ser de porte pequeno, o animal ficou em um bolsão de ar que, em incêndios, fica mais próximo ao chão.
Fábio foi internado e recebe tratamento para aliviar os danos devidos à inalação de fumaça. Ele comenta sobre o incêndio e faz um alerta:
"Eu estou bem. É importante dizer que nenhum incêndio nasce grande, e são nesses pequenos focos de fogo que temos que prestar atenção, porque eles acabam sendo os principais causadores de tragédia".