Uma ex-funcionária da igreja evangélica Bola de Neve denunciou Rinaldo Pereira, líder da instituição, por importunação sexual em 2017. De acordo com relatos, o pastor solicitava massagens, circulava sem camisa e se aproximava de maneira inadequada da denunciante.
A relação de dependência e manipulação era evidente no ambiente de trabalho da ex-funcionária, que trabalhava na casa do líder religioso.
“Comecei a trabalhar na Bola de Neve em setembro de 2009. Primeiro, na área financeira, depois tive câncer e me deixaram no departamento de boas-vindas da igreja. Um tempo depois, disseram que o apóstolo Rina precisava de alguém para ajudar nos livros e com as pregações e fui chamada para essa função. Passei a trabalhar na casa dele na parte da tarde. Com o tempo, ele começou a se interessar por mim. Queria saber quem eu era, o que eu fazia, a minha história. Começou a ter mais contato”, declarou ao UOL.
Ela se sentia pressionada a atender aos pedidos indevidos de Rinaldo, que se aproximava de forma sutil, solicitava contato físico e a manipulava emocionalmente. “Nunca gostei muito de toque, mas como ele era apóstolo, meu pastor, meu pai espiritual, eu fazia. Para mim, a igreja e o pastor eram parte da minha vida”, contou.
O impacto na vítima foi significativo, resultando em isolamento, confusão e depressão após o incidente. Em busca de apoio psicológico, ela decidiu denunciar a situação após orientação profissional e o vazamento de um áudio onde relatava a experiência.
"Recentemente, desabafei e um áudio meu vazou. Começaram a me culpar. Agora eu preciso contar o que realmente aconteceu. É uma cura pra mim e para outras pessoas também", declarou.
Apóstolo se defendeu
A defesa de Rinaldo negou as acusações e demonstrou confiança na investigação das autoridades. O caso envolve processos trabalhistas e questões relacionadas a abuso religioso, moral e sexual, apesar de o abuso religioso não ser tipificado como crime na legislação brasileira.
“O apóstolo Rinaldo Seixas nega qualquer prática violenta e confia na apuração isenta e técnica de todos os fatos pela Polícia Civil e Ministério Público. O apóstolo se afastou voluntariamente da direção da Igreja Bola de Neve. Com muita serenidade, aguarda que sejam realizadas investigações imparciais e justas e tem convicção de que, ao final, será comprovada sua inocência”, declarou.
Especialistas destacam que líderes religiosos podem exercer influência abusiva sobre fiéis, criando dependência emocional e espiritual. Muitas vezes, as vítimas demoram a perceber a situação como abusiva e a denunciar devido à manipulação e à relação de confiança estabelecida.
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