Os registros financeiros da Prefeitura de Porto Alegre mostram que, em 2023, nenhum investimento foi direcionado para a prevenção de enchentes, apesar do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (DMAE) registrar superávit de R$ 4 milhões no ano.
Dados extraídos do Portal da Transparência apontam uma redução significativa nos investimentos ao longo dos anos, culminando em um orçamento zerado para o item chamado "Melhoria no sistema contra cheias". Confira:
Gastos por ano
- 2021 - R$ 1.788.882,48
- 2022 - R$ 141.921,72
- 2023 - R$ 0
Além disso, houve diminuição considerável no número de funcionários do DMAE, que caiu quase pela metade desde 2013. Eram 2.049 servidores há 11 anos e 1.072 servidores hoje, representando 47,6% de redução.
Apesar da significativa redução de pessoal, o prefeito Sebastião Melo optou por não contratar 443 funcionários. Autorizadas pela Secretaria Municipal da Fazenda em 2022, as vagas permaneceram sem preenchimento devido à decisão do prefeito no ano anterior.
Procurada, a prefeitura não respondeu os questionamentos da reportagem.
Sistema da capital não suportou
O sistema de proteção de Porto Alegre, estabelecido na década de 1970, consiste em um muro de três metros, diques e comportas, estendendo-se ao longo de 60 quilômetros para resguardar a cidade.
No entanto, na última semana, essa estrutura revelou-se insuficiente diante dos eventos catastróficos, coincidindo com a redução de financiamento. A cidade enfrenta escassez de água, fechamento do aeroporto por tempo indefinido e cerca de 7.500 residentes abrigados, sem previsão de retorno à normalidade.
O rio Guaiba, que banha Porto Alegre, atingiu 5,3 metros nesta segunda (6) e permanece neste nível desde então, superando o recorde anterior, de 4,76 metros, registrado em 1941.
Veja antes e depois da capital gaúcha
Calamidade
O governo federal anunciou neste domingo (5) o reconhecimento do estado de calamidade para 336 municípios do Rio Grande do Sul , impactados pelas fortes chuvas que assolam a região e já deixaram 83 mortos e mais de cem desaparecidos.
Com essa declaração de calamidade, os municípios tornam-se elegíveis, por exemplo, a receber repasses de verbas federais de forma mais ágil e com menos burocracia.
Mortes
Os temporais que atingem o estado do Rio Grande do Sul desde a última segunda-feira (29) causaram 90 mortes, segundo o boletim da Defesa Civil divulgado às 9h desta terça-feira (7). O governador Eduardo Leite (PSDB) diz que é esperado que o número de vítimas fatais cresça. O mandatário voltou a dizer que o evento se trata do maior desastre climático da história do estado.
O número de feridos é de 361. Já a quantidade de desaparecidos é de 132.
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