Nesta quarta-feira (7), o ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania) afirmou ser criminoso e inadmissível fazer movimentos contra vacinação infantil no país. A fala do ministro rebate o discurso do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em que afirma que a imunização não será obrigatória para matrícula na rede pública do estado.
O ministro participava da posse da conselheira Marina de Pol Poniwas, que assume o posto de presidente do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).
Na ocasião, Almeida agradeceu o apoio do Conanda no processo da "reconstrução da política de direitos humanos desse país". Em seu discurso, ele falou sobre os desafios futuros da pasta e do órgão, citando pautas como o combate ao abuso e exploração sexual infantil e a luta pelo acesso à educação e saúde de qualidade, por exemplo.
Nesse contexto, o ministro afirmou ser "inadmissível fazer movimentos contra vacinação de crianças num momento como esse que a gente vive no país". "É criminoso", disse.
"Nós não podemos deixar uma coisa dessas passar. Precisamos tomar alguma atitude em relação aos irresponsáveis, antibrasileiros, que não gostam de criança e de adolescente e que estão promovendo esse tipo de cisão, esse tipo de esgarçamento do tecido social brasileiro", afirmou no evento. "Isso não pode acontecer. Precisamos tomar providências em relação a isso."
Almeida também levantou uma discussão sobre a influência das redes sociais sobre as crianças. "Estamos vendo a disseminação da violência, a disseminação do discurso de ódio, a disseminação do racismo, a disseminação do antissemitismo, que é inadmissível", afirmou. "Nós não podemos permitir uma coisa dessas no nosso país, que nossas crianças tenham contato com esse tipo de coisa."
Entenda
Nesta segunda-feira (5), o governador mineiro Romeu Zema (Novo) publicou um vídeo em que aparece ao lado do senador Cleitinho (Republicanos-MG) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), dizendo que nenhum aluno será impedido de estudar por causa de vacina.
"Aqui em Minas, todo o aluno, vacinado ou não, terá acesso às escolas", disse o governador no vídeo. Na legenda, o chefe do Executivo estadual cita ainda a “liberdade”.
A repercussão da fala antivacina de Zema levou a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) a acionar o Ministério Público, sob a justificativa de que governador estaria propagando o "desestimulo à vacinação de crianças e adolescentes".
A parlamentar argumentou que a carteira de vacinação é prevista pela Lei Estadual 20.018/2012, que prevê que todas as instituições de ensino de Minas Gerais solicitem o documento para pais de crianças de até dez anos.