Fundado em 1971, o Teatro Valdemar de Oliveira, localizado na Praça Oswaldo Cruz, no centro do Recife (PE), pegou fogo durante a madrugada e amanheceu em chamas nesta quarta-feira (7). O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 5h. Ninguém se feriu.
"A primeira guarnição, ao chegar no local, debelou as chamas sem dificuldades, pois o referido teatro não possuía teto. O local era abandonado, tendo o fogo atingido as cadeiras remanescentes e alguns entulhos do local. Não houve necessidade de acionamento da defesa civil, conforme orientação do Sr. TC BM Wagner, supervisor de Operações", diz a nota dos Bombeiros.
O Valdemar de Oliveira foi um dos teatros mais tradicionais da capital pernambucana, um espaço privado administrado pelo Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP).
Antes mesmo da pandemia de covid-19 o teatro já não estava bem, e sua degradação se acelerou nos últimos quatro anos, especialmente após a morte de Reinaldo de Oliveira, responsável pela administração do espaço ao longo de décadas.
Nos últimos anos, a imprensa local vem relatando o abandono do teatro, que sofreu com invasões e também serviu de moradia para pessoas em situação de rua.
O sistema de segurança eletrônica foi danificado várias vezes, troféus, fiações de cobre, telhas, refletores e muitos outros objetos foram roubados e até o teto sumiu. Mesmo assim, o poder público não se mobilizou.
Pedido de tombamento
Em 22 de setembro de 2023, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) publicou no Diário Oficial uma nota formalizando a abertura do processo de tombamento do teatro, amparada na Lei Estadual 7970/1979. Assim, o espaço continua protegido de demolições até o final do processo.
Contudo, a diretoria do TAP informou que não tem interesse no tombamento, e que está “em busca de alternativas", pois o processo “implica um ônus burocrático que pode prejudicar as tratativas em curso e retardar a almejada recuperação e reabertura do Teatro Valdemar de Oliveira".
Em 2022, a Secretaria de Cultura deu início às tratativas do processo de comodato do Teatro Valdemar de Oliveira ao Governo do Estado, que passaria a gerir o espaço por um prazo de 19 anos.
Após esse período, o local passaria por nova avaliação sobre a continuidade ou interrupção do acordo firmado. As conversas sobre esse modelo, no entanto, não avançaram.