Desde que o Hamas perpetrou ataques a Israel em 7 de outubro - matando 1200 pessoas e sequestrando outras 240 - relatos assustadores de sobreviventes e socorristas que testemunharam o massacre pintam um quadro da barbaridade das agressões sexuais sistêmicas cometidas contra mulheres e meninas de todas as idades.
Para chamar atenção pública a respeito dos horrores revelados por sobreviventes e do contínuo ciclo de agressões ao qual as mulheres sequestradas seguem expostas, lideranças femininas da comunidade judaica de São Paulo realizaram uma ação nas ruas da capital paulista para chamar a atenção da população em geral à questão. A iniciativa, coordenada por voluntárias da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e da ONG StandWithUs Brasil, contou com uma ação hoje, quinta-feira (30), das 12h00 às 14h, na região dos Jardins.
O manifesto em forma de ato público - que vem sendo realizado em diversas cidades do mundo - teve objetivo de alertar sobre a ausência de condenação direcionadas ao Hamas no tocante à violência de gênero praticada em 7 de outubro, o que incluiu estupros coletivos, mutilação e feminicídio. A ação reproduziu, com uso de voluntários, as atrocidades divulgadas pelo próprio grupo extremista, percorrendo as ruas Oscar Freire, Peixoto Gomide e Melo Alves ao longo de duas horas.
Exemplo dos registros das atrocidades sofridas por mulheres ao longo daquele dia de ataques a Israel, uma das cenas mais chocantes revelada é a da Israelense Naama Levy, de 19 anos. A jovem foi sequestrada na base militar de Nachal Oz e, horas depois, um vídeo divulgado no Telegram mostrava imagens dela com as mãos amarradas, a calça repleta de sangue entre as pernas, o rosto com diversos ferimentos e os pés descalços, sendo puxada pelos cabelos da traseira de uma caminhonete preta e depois empurrada para dentro do carro.
Mariza de Aizenstein, uma das organizadoras da ação e diretora voluntária da Fisesp, destaca que um dos objetivos é chamar a atenção para a necessidade de uma condenação pública mais incisiva e direcionada ao Hamas pelos ataques brutais e relatos de violência baseada em gênero ocorridos em 7 de outubro. Essa convocação visa sensibilizar entidades de defesa dos direitos das mulheres, como a ONU Mulher, o movimento Me Too e grupos brasileiros de defesa do direito da mulher, destacando a importância de uma postura mais firme diante desses eventos.
“É preciso lançar luz sobre a violência de gênero contra meninas, jovens e idosas atacadas durante os atos terroristas do Hamas. Emprestamos nossas vozes a essas mulheres que foram silenciadas para que seus relatos não sejam esquecidos. A nossa busca é para que as organizações dedicadas à causa feminista se manifestem e exijam uma investigação rigorosa que defenda os direitos e a segurança de todas nós", diz.
"Não ouvimos de nenhuma destas organizações que se dizem feministas, que dizem defender os direitos das mulheres, uma palavra de condenação à violentação e assassinato sistemático das mulheres inocentes atacadas pelo grupo terrorista Hamas no maior atentado contra os judeus desde o Holocausto”, afirma Deborah Chammah, gerente de educação da StandWithUs Brasil.
"O que estamos testemunhando é um feminismo seletivo, e sim, vidas judias também importam”, ela reforça.
Símbolo da evidente violência contra a mulher praticada pelo Hamas, Naama, que segue em poder dos terroristas, é uma ativista da paz dedicada a promover valores de compreensão mútua entre israelitas e palestinos. Participou do projeto “Hands of Peace” nos EUA, no qual jovens americanos, israelenses e palestinos se reuniram na busca da paz como alavanca para a mudança social global.
“Ela e tantas outras reféns precisam ter suas histórias contadas para que mulheres de todo o mundo se lembrem da promessa de que ‘mexeu com uma, mexeu com todas’ não é só um mero slogan. É nosso dever revelar a violência baseada em gênero ocorrida no dia 7 de outubro”, sintetiza Mariza.