O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, disse que o apagão que atingiu milhares de moradias na região metropolitana de São Paulo após as fortes chuvas da última sexta-feira (3) foi um evento "extraordinário". De acordo com ele, as respostas ao ocorrido foram dificultadas pela quantidade de árvores que caiu, o que fez com que a empresa precisasse trocar postes e reconstituir quilômetros de rede elétrica em diversos pontos da região.
"Não é para nos desculparmos, não. O vento foi absurdo", afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo
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Na ocasião, ele ainda disse que o corte de funcionários nos últimos anos não teve impacto no tempo de resposta à emergência, já que as equipes de campo foram preservadas.
Cotugno afirmou que o serviço de meteorologia da empresa alertou para chuvas durante a tarde na sexta, mas, segundo ele, "veio um evento extraordinário". "O vento foi absurdo. As medições dão valores diferentes pela cidade, mas foram perto de 104 km/h (quilômetros por hora). Na escala Saffir-Simpson, ventos de 120 km/h são furacões", disse.
"A gente ficou de uma a duas horas fazendo um passo a passo para entender o que tinha acontecido em toda a cidade. Contatamos prefeitura, bombeiros, as equipes em campo, e ficou claro que a situação era dramática. Não só no que se refere a rede. Os bombeiros receberam inúmeras demandas", acrescentou, dizendo que a "resposta foi imediata".
A queda de árvores foi outro empecilho para a retomada do serviço, disse ele.
"Normalmente, num evento crítico, caem de 20 a 30 árvores. Nos piores, 50. Nesse, foram cerca de 1.400 árvores. As linhas de alta tensão, que chamamos de autopistas da rede, que fazem a distribuição da potência pela cidade, estavam funcionando, mas as falhas ficaram distribuídas por diferentes pontos da cidade, algo de difícil recuperação."
Além das linhas, o executivo afirmou que a ventania afetou os postes, que tiveram que ser retirados e instalados, e quilômetros de rede precisaram ser reconstituídos.
Moradores que tentaram contato com a empresa por meio do call center também criticaram a falta de retorno em meio à emergência. De acordo com Cotugno, o serviço "congestionou" nas primeiras horas. "Ontem e hoje, tudo começou a funcionar melhor. Usamos muito o aplicativo da Enel. Às vezes, o cliente não conseguia se comunicar, mas a gente, por aplicativo, recebia e registrava as reclamações", disse.
"A gente foi honesto e transparente quando, no sábado [4], na hora do almoço, admitimos que estávamos com problema, mas que iríamos recuperar [até terça-feira]. A previsão foi humilde, consciente e responsável. O pior é dar uma previsão e não atender aquela previsão."
Ao ser questionado sobre os planos de enterrar os fios de São Paulo, o presidente da Enel disse que esse "tem que ser um projeto de país, com custos compartilhados".
"Temos que avaliar a abrangência, velocidade, entender quais as áreas mais frágeis. Não é enterrar em qualquer rua. Se começarmos agora, em quatro ou cinco anos já veremos resultados efetivos", afirmou.
Cerca de 1,4 milhão de moradias chegaram a ficar sem energia na capital paulista
em decorrência das chuvas e rajadas de vento que atingiram a cidade na última semana. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em todo o estado de São Paulo, o número de pessoas que ficaram sem luz foi de 3,7 milhões durante o fim de semana.
Nesta terça-feira (7), 315 mil continuam sem energia. A previsão da Enel é "normalizar o fornecimento para quase a totalidade dos clientes" ainda hoje.