Cessna 208B Grand Caravan semelhante ao modelo acidentado
Matti Blume/Wikimedia
Cessna 208B Grand Caravan semelhante ao modelo acidentado

Na manhã deste domingo (29), um avião do tipo Cessna Grand Caravan caiu em um acidente em Rio Branco, Acre.  O modelo é um dos monomotores mais conhecidos do mundo, sendo operado por várias companhias aéreas nacionais, como também para voos particulares, caso do PT-MEE, aeronave que pertencia à empresa ART Táxi Aéreo, e tinha como destino a cidade de Envira, no Amazonas.  Saiba quem são as 12 pessoas que morreram na tragédia .

Embora seja conhecido como uma aeronave robusta, tendo sido apelidado até de "jipe dos ares" , o modelo já se envolveu em 271 acidentes de perda total, eventos que já vitimaram mais de 516 pessoas, segundo o respeitado site Aviation Safety Network. A taxa de sobrevivência é de 27,4%, ainda de acordo com o site. Lembrando que os dados envolvem todos os Cessna Caravan, não apenas o Grand Caravan.

A aviação geral (aeronaves não comerciais) e em lugares de difícil acesso costuma registrar mais acidentes, ou seja, o número não significa que o Cessna seja um avião inseguro.

A maioria dos acidentes (85) foi em voos de passageiros, com os de carga em segundo lugar (70). Apenas 9 ocorreram em voos particulares ou de negócios. O pior acidente do Cessna Caravan foi em 29 de setembro de 1985, tragédia que ceifou a vida de 17 pessoas em Jenkinsburg, cidade no estado americano da Geórgia.  

Dividido em diversas variantes, o Cessna Caravan fez o seu primeiro voo comercial em 1982. Cerca de 2.000 aeronaves estão em operação. O avião envolvido no acidente de Rio Branco é do modelo Grand Caravan 208B, tipo aperfeiçoado e com 1,2 metro a mais de comprimento, o que permitiu levar até 14 ocupantes (incluindo tripulação). O lançamento dessa versão foi em 1987, com 2.131 unidades construídas. 

A aeronave é equipada com apenas um motor turboélice, um propulsor da Pratt & Whitney Canada PT6A-114A, uma unidade que gera o equivalente a mais de 600 cv. Capaz de voar a até 340 km/h, o monomotor tem alcance de cerca de 980 km, sem incluir a reserva, além de poder voar a mais de 7 mil metros, um teto de serviço elevado para uma aeronave não pressurizada.

O avião acidentado foi fotografado pelo perfil do Facebook Aviação Amazônia, que publicou uma foto do PT-MEE em outra ocasião.

No Brasil, o Cessna Grand Caravan opera em muitas variantes, que incluem o Grand Caravan EX, versão aperfeiçoada que faz voos até em voos regulares de companhias aéreas grandes. É o caso da Azul Express e da linha Congonhas-Jacarepaguá.

Capaz de operar em pistas curtas e não pavimentadas, o Caravan (e suas derivações), o Caravan também leva uma boa carga, o que permite se dividir entre o transporte de passageiros e operações cargueiras. O uso de asas elevadas (no topo da aeronave) e trem de pouso robusto permitem operar em condições extremas. Entre várias versões, há até uma configuração anfíbia anfíbia do Caravan.

Além disso, se destaca por ser usado pela Força Aérea Brasileira, onde é chamado de C-95, missões em lugares de difícil acesso, daí a popularidade do tipo na Região Norte, para-quedismo, entre outras aplicações.

Avião que caiu no Acre já havia registrado incidentes

Embora o PT-MEE estivesse com o certificado de aeronavegabilidade regular, a empresa já havia sido autuada por realizar voos irregulares com essa mesma aeronave. Segundo registro da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), a ART Táxi Aéreo foi autuada por essa ocorrência, um processo que foi lavrado em 2016. Outras violações foram processadas entre 2014 e 2016, ocorrências que variaram entre venda não registrada de aviões, operações em lugares não homologados, falta de descanso da tripulação, entre outras. 

Um Cessna Caravan 208B de mesmo prefixo se envolveu em um acidente em 01 de julho de 2008. Segundo relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (CENIPA), a falha de manutenção do motor, o julgamento de pilotagem, a manutenção deficiente e a falha de supervisionamento dos processos de manutenção provocaram um pouso de emergência na rodovia Transamazônica, com danos substanciais. Na época, o avião era operado pela TAM Express, levando malotes. A despeito dos danos substanciais, os dois tripulantes não se feriram.

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