O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, levou quase uma semana para lamentar a morte do torcedor
Renato Pizzutto/iG - 13.09.2023
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, levou quase uma semana para lamentar a morte do torcedor


Seis dias após o são-paulino Rafael dos Santos Tercilio Garcia ser morto por uma "bean bag" , o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lamentou o ocorrido e disse que os protocolos da Polícia Militar (PM) serão reanalisados, revisados e ajustados.

Uma "bean bag" - pequenas esferas de chumbo envoltas por plástico que ficam dentro de sacos de tecido sintético, de uso restrito à Polícia Militar - foi encontrada presa à nuca de Rafael foi apontada como a causa da morte por traumatismo craniano, e perfurou o boné que ele usava.  

"Quando acontece um acidente, ele vai ter acontecido por quebra de protocolos. Os protocolos estabelecem distância de segurança para utilização de armamento não letal, enfim. Então isso vai ser completamente investigado pra fazer os ajustes tem termos de procedimentos e que tem que ser ajustados", disse Tarcísio à Rádio CBN.


Rafael foi morto no dia 24 de setembro, após ser atingido pela munição (que não deveria ser letal) disparada contra sua nuca durante um confronto entre a Polícia Militar e torcedores que estavam do lado de fora do Estádio do Morumbi para comemorar a vitória do São Paulo contra o Flamengo pela Copa do Brasil. Ele tinha 32 anos e possuía deficiência auditiva.

A PM afirmou que a munição "de menor potencial ofensivo" foi usada para conter os são-paulinos que supostamente promoviam atos violentos, e admitiu ter usado as "bean bags" juntamente com balas de borracha.

"A gente lamenta profundamente esse tipo de ocorrência. Era um dia de festa, não é pra gente tá lamentando a morte de ninguém. É muito triste que isso aconteça. E obviamente isso implica em reanálise e revisão e ajuste", declarou o governador. Até o momento, a secretaria de Segurança Pública não informou de que maneira o uso das bean bags será revista.

A Polícia Civil, que investiga o caso da morte de Rafael no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), está aguardando os resultados dos laudos periciais e depoimentos de testemunhas para confirmar se o tiro que matou o torcedor de fato foi disparado por PMs. 

Nesta segunda-feira (2), a mãe da vítima, Vilma Custódio dos Santos, prestou depoimento sobre o crime. Ela não estava no confronto, forneceu detalhes da vida do filho.

"Vim conversar com a polícia para pedir que seja esclarecido o caso. O que eu mais desejo agora é 'justiça'. Eu quero justiça. Ele não volta mais. Não posso deixar isso ser esquecido. Queremos que a PM seja proibida de usar essa munição ‘menos letal’ que matou meu filho", disse Vilma aos jornalistas.

"Também quero saber quem matou meu filho. Tudo indica que tenha sido um policial militar. Afinal de contas só a PM essa 'bean bag' em São Paulo. Se não foi a PM, quem foi? Algum policial deu a munição e a arma para outra pessoa atirar? Difícil acreditar nisso", disse Vilma.

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