Prefeito de Lajeado ameaça despejar vítimas de enchentes em áudio

Marcelo Caumo disse: "Hoje é o limite. Nós vamos fechar esse pavilhão, não vai ter alimentação. É hoje o dia, não tem mais nenhuma flexão."

Foto: Twitter/@iG - 27.09.2023
Marcelo Caumo, foi registrado em um áudio discutindo com pessoas afetadas pelas enchentes que atingiram a cidade em setembro

O prefeito de Lajeado , Marcelo Caumo, foi registrado em um áudio discutindo com pessoas afetadas pelas enchentes que atingiram a cidade em setembro . Na gravação, feita na segunda-feira (25), Caumo exige que as últimas quatro famílias que ainda estavam abrigadas no Parque do Imigrante deixem o local.


Caumo inicia a conversa em tom de ameaça: "Hoje é o limite. Nós vamos fechar esse pavilhão, não vai ter alimentação, é o limite para sair daqui. É hoje o dia, não tem mais nenhuma flexão."

Em resposta, a prefeitura afirmou que, quando a situação se tornou segura após a enchente, as famílias foram orientadas a retornar para suas casas ou buscar assistência para aluguel. A administração municipal enfatizou que o local era apenas uma solução temporária e emergencial.

Em um momento, uma moradora reclama da atitude do prefeito e pergunra: "Tu pega nossas coisas e leva lá pra tua casa?"

As quatro famílias que se recusavam a deixar o local sem seus móveis foram realocadas em segurança no final da tarde da segunda-feira. Duas delas foram para imóveis alugados, e as outras passaram a noite em um abrigo antes de se mudarem para o aluguel social no dia seguinte.

Lajeado foi uma das cidades mais atingidas  por um ciclone extratropical , com três mortes confirmadas e dois moradores desaparecidos.

Nota oficial da prefeitura de Lajeado

O prefeito municipal, Marcelo Caumo, esteve no Parque do Imigrante na manhã de segunda-feira, 25/09, para conversar com as últimas 4 famílias que permaneciam abrigadas no Parque (de um total de 990 pessoas de 350 famílias que passaram pelos cinco abrigos do município durante a cheia). Quando a situação começou a se mostrar segura após a cheia, as famílias foram orientadas a iniciar o retorno para as suas casas ou a buscar aluguel social, se fosse o caso.

O município estava encerrando o abrigo, que é uma solução emergencial e provisória, em razão de haver alternativas para as famílias: o aluguel social ou o abrigo Shalon, que já havia recebido famílias e poderia receber mais pessoas.

Diariamente, as famílias eram orientadas pelas assistentes sociais a buscarem uma solução para o seu caso na busca de um novo lar, o que aconteceu com a maioria absoluta das pessoas. Na segunda-feira, alguns integrantes de duas famílias estavam se recusando a deixar o abrigo e gravaram a conversa.

Ao final da tarde, as 4 famílias deixaram o abrigo com o aluguel social encaminhado: duas foram diretamente para os imóveis alugados e as outras duas pernoitaram no abrigo Shalon e foram para o imóvel do aluguel social nesta terça-feria. Ou seja, todas as famílias receberam apoio e ninguém ficou sem um local seguro para passar a noite.

Quanto ao aluguel social, o município já concedeu 85 aluguéis e outros pedidos seguem em avaliação. O imóvel deve ser buscado pelo interessado, e o município pagará o valor. O município está à disposição para apoiar na conversa com as imobiliárias quando houver dúvidas.