A Polícia Federal já vê indícios o suficiente para enquadrar aliados de Bolsonaro pelo crime de organização criminosa no caso das joias e conta com a colaboração de Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, nas investigações. A informação é do blog da Julia Duailibi, a quem fontes que acompanham as investigações afirmam conseguir mapear a distribuição de tarefas e fluxo do dinheiro entre os suspeitos - incluindo aqui o próprio ex-presidente.
Esse mapeamento contou com o apoio de Mauro Cid (filho), que decidiu colaborar com as investigações em diferentes frentes, por meio de depoimentos filmados. O militar começou a colaborar mais após a investigação da Polícia Federal atingir seu pai e também a sua esposa, Gabriela Santiago, que chegou a depor sobre o caso das fraudes a cartões de vacinação da família Bolsonaro.
Há informações de que Mauro Cid contou à PF que a movimentação financeira (que envolvia Bolsonaro) teria como base a cidade de Miami, onde parte dos presentes oficiais ocultados por Bolsonaro foram vendidos irregularmente. A cidade estadunidense também é o município onde residia o general da reserva Mauro Lourena Cid (pai), um dos suspeitos de participação no esquema.
A partir de agora a polícia busca intensificar a colaboração de Mauro César Lourena Cid ao mesmo tempo em que verifica as informações fornecidas pelo seu filho antes de formalizar um possível acordo de delação premiada que se espera que a defesa do ex-ajudante de ordens proponha.
O advogado de Mauro Cid, Cezar Roberto Bitencourt, afirmou à imprensa que na semana que vem decidirá se vai ou não apresentar uma proposta de delação. No momento, a informação é que Cid estaria em fase de “pré-delação”, quando o investigado conta tudo que sabe para que a polícia avalie se há, de fato, ganhos para a investigação.
Assim sendo, no momento Cid é considerado um investigado que colabora, visto que teria ajudado a preencher lacunas e esclarecer alguns fatos, mas não entregou outros envolvidos no esquema.
Outros crimes
Além dos casos das joias, investigadores relataram que Mauro Cid também contou como funcionava o “gabinete do ódio”, como era conhecida a “força-tarefa” que criava e disparava fake news contra adversários do bolsonarismo e contra o próprio sistema eleitoral, além de revelar as estratégias dos integrantes desse grupo.
Em outra frente de investigação, a Polícia Federal também conta com a colaboração de membros da Polícia Rodoviária Federal e do Ministério da Justiça para investigar o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Silvinei Vasques, e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que estariam se complicando ainda mais após os depoimentos de Mauro Cid e seu pai.
Silvinei e Anderson Torres são acusados de, no dia do 2º turno da eleição presidencial de 2022, terem agido deliberadamente para dificultar o deslocamento de eleitores em cidades da região Nordeste onde Lula (PT) teve maior votação no 1º turno.