Durante o depoimento prestado à CPMI dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, Walter Delgatti, hacker responsável pela derrocada da operação Lava Jato ao invadir os celulares de membros da operação, chamou o senador, ex-ministro e ex-juiz, Sergio Moro, de "criminoso contumaz". Moro, então, retrucou, chamando Delgatti de "bandido" por ter invadido seu celular.
Delgatti Neto ficou conhecido como o "hacker da Vaza Jato", em 2019, quando invadiu dispositivos eletrônicos e vazou mensagens de Moro, então ministro da Justiça, com outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato, revelando que houve uma ação coordenada para conduzir o caso do hoje presidente, Lula (PT), de modo que ele fosse condenado. O objetivo seria impedir que ele concorresse às eleições presidenciais de 2018.
Na CPMI, Moro citou condenação de Delgatti pelo crime de estelionato, e perguntou ao hacker quantas vítimas ele teria prejudicado. Em resposta, Delgatti disse:
"Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive, equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula e integrantes do PT. Li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes".
Irritado, Moro disse que "bandido aqui, desculpe senhor Walter, que foi preso é o senhor. O senhor foi condenado". Em seguida, o senador perguntou "O senhor é inocente como o presidente Lula, então?".
Delgatti, então, retrucou Sergio Moro, afirmando que Moro só não foi preso "porque recorreu à prerrogativa de foro por função". O senador Cid Gomes (PDT-CE), que presidia a sessão, pediu respeito aos dois, e deu sequência à sessão da comissão.
Posteriormente, Moro disse que Delgatti invadiu apps de mensagens de mais de 170 pessoas. O hacker disse que o número de aparelhos invadidos é ainda maior, e citou as conversas de Moro com o ex-procurador e deputado cassado, Deltan Dallagnol.
"Inclusive, cheguei às conversas do senhor com o então procurador Dallagnol e essas conversas foram chanceladas pelo STF e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes", afirmou Delgatti.
Em resposta, Moro disse que "Pessoas que cometeram crime contra a Petrobras e roubaram dinheiro, é isso...". Ele foi retrucado pelo hacker, que disse "eu fico com a versão do STF", o que levou o presidente da sessão a fazer uma nova interrupção, pedindo que ambos se atenham aos temas investigados pela CPMI.