Diante da falta de negociação, rodoviários e metroviários mantém greve e paralisação no Recife
Reprodução/Urbana-PE
Diante da falta de negociação, rodoviários e metroviários mantém greve e paralisação no Recife


O transporte público na Região Metropolitana do Recife segue em evidência nesta quinta-feira (27), segundo dia de greve dos rodoviários e metroviários, com paralisação dos serviços e protestos das categorias, que luta contra a falta de reajuste salarial e o projeto de privatização do sistema metroviário. Em um dos protestos, ao menos 18 ônibus foram enfileirados e tiveram os pneus esvaziados na PE-15, em Olinda, nesta manhã.

Em greve por tempo indeterminado, os rodoviários iniciaram o movimento trabalhista na quarta-feira (27), reduzindo o número de veículos em circulação, além de estacionarem os coletivos em fileira na Avenida Agamenon Magalhães - na altura da praça do Derby - e na Avenida Guararapes - a partir da Ponte Duarte Coelho (conhecida popularmente como “ponte do galo). 

Além da pauta salarial, a categoria também exibiu faixas em que eles pedem o fim da compensação das horas extras acumuladas após uma decisão judicial desfavorável aos trabalhadores em outro movimento de paralisação.  Nesta quinta (27) houve audiência de conciliação no TRT-6. 

O Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR alega que "por diversas vezes se colocou à disposição para dialogar e negociar e apresentou diversas propostas que pudessem gerar alguma conquista para a categoria. Os empresários, por sua vez, através da Urbana-PE, insistentemente depois de enrolar, adiar e não apresentar qualquer proposta nos últimos 45 dias, foram à mesa de negociação sem nenhuma contraproposta".

Além disso, declaram que o objetivo da Urbana é "apostar no desrespeito, na intransigência e nos ataques aos rodoviários e à população pernambucana, que tanto depende do transporte público, já tão caótico e de péssima qualidade. Além de tudo, com trabalhadores obrigados a exercer uma dupla função, oferecem míseros R$7 de aumento no ticket e R$11 numa gratificação, demonstrando para toda sociedade o quanto são gananciosos e insensíveis".

O metrô do Recife está completamente paralisado desde às 22h de terça-feira (25), e só voltará a operar a partir das 22h desta quinta-feira (27). A operação normal deve retornar apenas na sexta-feira (28). A categoria pede a aprovação do Acordo Coletivo de Trabalho 2023/2025, protesta contra o sucateamento da estrutura das estações e trens e se mobiliza contra a privatização do sistema metroviário.


Judicialização 

Mesmo diante de todos os transtornos causados à população diante da escassez de coletivos, até o momento, nem a Urbana (empresa que controla o serviço de transporte rodoviário, nem a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que gerencia a operação do metrô, ofereceram um acordo que os trabalhadores consideram satisfatório. 

Por esta razão, decidiram pela manutenção da paralisação do metrô e da greve dos motoristas de ônibus. Ambas as empresas responsáveis pela prestação dos serviços têm demonstrado insatisfação por meio de notas enviadas à imprensa, além de estarem judicializando os movimentos trabalhistas. 

A Urbana, responsável pelos ônibus, emitiu uma nota alegando que “ao contrário do que tem sido divulgado pelas lideranças rodoviárias, a Urbana-PE sempre esteve aberta ao diálogo e apresentou propostas concretas, inclusive com ganho real para a categoria. Entretanto, os rodoviários seguiram inflexíveis e aparentemente desinteressados em uma verdadeira negociação, dentro da realidade econômica do país e do setor”. 

O sindicato patronal acionou o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) e a corte ordenou que os rodoviários coloquem 60% da frota no horário de pico, e 40% no fora pico, com multa de R$ 30 mil por dia em caso de descumprimento. A Urbana afirma que os trabalhadores não estão obedecendo a decisão do Tribunal e estão “tentando impedir a prestação do serviço de transporte público por ônibus”.

"As lideranças rodoviárias também continuam instruindo os trabalhadores a não comparecerem às garagens, impossibilitando a oferta do serviço nos percentuais mínimos definidos pelo TRT. A atitude do Sindicato dos Rodoviários configura clara abusividade do movimento", completa a Urbana-PE. O sindicato da classe patronal solicitou apoio da Polícia Militar para assegurar a prestação do serviço nos percentuais determinados pelo TRT-6.

Em resposta, o sindicato dos rodoviários emitiu uma nova nota na qual alegam que "o que de fato ocorre é que a categoria apoia a greve e por solicitação do seu sindicato não vai ao trabalho, uma vez que a greve por condições dignas de trabalho é direito do trabalhador", além de afirmar que a empresa mente ao dizer que o sindicato "tenta impedir a saída dos ônibus das garagens".

"O fato é que eles não conseguem colocar o número mínimo de ônibus nas ruas do Recife, porque os trabalhadores rodoviários não aceitam mais serem explorados e desrespeitados. Mente quando diz que o sindicato vem promovendo atos de vandalismo, ao contrário, nosso diálogo com a categoria está sendo franco, aberto e democrático". 

Já a CBTU, responsável pelo metrô, entrou na Justiça para pedir que a categoria garanta o funcionamento nos horários de pico, ou seja, das 5h30 às 8h30, e das 17h30 às 19h30. Contudo, desde a manhã de quarta-feira nenhuma das 27 estações de metrô e VLT abriu, afetando 180 mil passageiros — ou 2 milhões, considerando os usuários dos ônibus.

Em nota, a empresa justificou a decisão afirmando que “lamenta a decretação de greve de 48h, mas respeita a decisão da categoria, contudo não poderia deixar de assistir a população e por isto, deu entrada em pedido judicial para cumprimento do serviço nos horários de pico".

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