Diante da falta de negociação, rodoviários decretam greve no Recife
Reprodução/Urbana-PE
Diante da falta de negociação, rodoviários decretam greve no Recife


Diante da falta de acordo nas negociações salariais entre os motoristas e empresários do setor de mobilidade urbana, o Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR decidiu pela deflagração de greve por tempo indeterminado em uma assembleia realizada na quinta-feira (20). A interrupção dos serviços começa na quarta-feira (26). 

Esta será a primeira greve dos rodoviários enfrentada pela governadora Raquel Lyra (PSDB), visto que o convênio com as empresas de transporte rodoviário é firmado pelo Governo do Estado de Pernambuco. 

Os trabalhadores pedem reajuste salarial, com 10% de ganho real (acima da inflação), reajuste do valor de ticket alimentação dos atuais R$ 352 para R$ 600 e uma mudança no sistema de compensação por horas extras, visto que no cenário atual, as empresas concedem folgas de maneira “aleatória”, de acordo com a categoria. 

Além disso, os motoristas também se queixam da falta de estrutura dos coletivos (sem ar-condicionado, com defeitos, sempre lotados e atrasados), da dupla função dos motoristas desde a retirada dos cobradores, da falta de segurança durante o trabalho e de punições por parte das empresas quando usuários do transporte pulam as catracas para não pagar a passagem.

Disputa de versões

Em nota enviada à imprensa, o sindicato patronal (Urbana-PE) afirmou que “lamenta” a decisão do sindicato dos rodoviários durante a etapa de negociação, alegando que as lideranças rodoviárias “tentaram inviabilizar qualquer tipo de entendimento entre as partes, apresentando propostas com contradições e incertezas, o que foi reconhecido pelo próprio advogado dos rodoviários, postulando reajustes de mais de 100% em diversos itens, comparecendo à negociação sem os seus advogados, pedindo adiamentos e se recusando a agendar novas reuniões”. 

A nota também diz que a Urbana “tomará providências” para minimizar os transtornos da greve, alegando que “várias decisões liminares do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região determinaram que o Sindicato dos Rodoviários se abstenha de impedir o livre acesso dos trabalhadores que desejem exercer as suas atividades e a regular circulação da frota de veículos das empresas operadoras”.

O Sindicato dos Rodoviários classifica a nota da Urbana como “cheia de inverdades” e afirma que a pauta de reivindicações foi apresentada no dia 2 de junho, um mês e 20 dias atrás, e que desde então foram marcadas duas reuniões nas quais não houve apresentação de contraproposta, ou seja, nenhuma negociação. 


Os rodoviários também afirmam ter enviado ofícios ao Governo do Estado em busca de mediação das negociações entre os trabalhadores e os empresários do setor, mas o resultado não foi o esperado. 

“O governo se omitiu, e ontem o CPM mandou uma nota intimidatória dizendo que vamos fazer greve mas tomarão medidas para reduzir os impactos da paralisação, sem se disponibilizarem para mediar o diálogo. Na prática, o governo é conivente com a postura do sindicato patronal. Nosso recado para a urbana é que nós queremos negociar. Mas só podemos negociar com uma proposta concreta, que a Urbana não enviou. Sequer respondeu à nossa pauta”, disse o porta-voz do sindicato em entrevista ao iG.

Metroviários e rodoviários alinhados

Além dos rodoviários, outra categoria muito importante de trabalhadores do transporte público na Região Metropolitana do Recife também está realizando um movimento trabalhista. O Sindicato dos Metroviários (funcionários do metrô) está lutando por melhores salários e condições de trabalho, e contra a privatização do sistema de transporte pelo Governo Federal. 

De acordo com o porta-voz do sindicato dos rodoviários, existe uma possibilidade real das duas categorias se unirem, se não em greve, pelo menos em paralisações conjuntas da prestação dos serviços.

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