A Polícia Federal disse que as investigações acerca da fraude do cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e da filha caçula, Laura Bolsonaro, de 12 anos, foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde no dia 21 de dezembro de 2022. Após seis dias, os dados foram apagados com a prerrogativa de "erro".
Segundo a PF, entre a data da inclusão e a exclusão do sistema, um certificado de vacinação no nome de Laura Bolsonaro foi emitido em inglês. A própria PF destacou tal questão, escrevendo: "Coincidentemente, no dia seguinte [28/12/2022], Laura Firmo Bolsonaro embarcou de Brasília [...] com destino à cidade de Miami, no estado da Flórida, nos Estados Unidos da América".
Supostamente, a fraude investigada pode ter sido realizada através de um esquema montado na Prefeitura de Duque de Caxias, localizada na Baixada Fluminense, ao qual os dados foram inseridos e excluídos no sistema. Bolsonaro e os familiares tinham uma viagem programada para a Flórida, nos Estados Unidos, ao qual passaram três meses após o fim do mandato do ex-presidente.
A PF investiga se na inclusão e exclusão dos dados de vacinação, Bolsonaro tenha feito uma cópia do cartão vacinal, visando utilizar caso questionado se estava vacinado. É desconfiado que a exclusão ocorreu com a prerrogativa de manter o discurso antivacina que sustentou durante o mandato.
Durante a busca e apreensão na casa do ex-mandatário no Distrito Federal, Bolsonaro foi categórico em dizer que ele e Laura não foram vacinados. Entretanto, no dia 21 de dezembro de 2022, às 18h59 e às 19h, duas doses da vacina Pfizer no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) foram inseridas no nome de Bolsonaro. Segundo o registro, ele teria tomado a primeira dose no dia 13 de agosto e a segunda dose no dua 14 de outubro. Ambas foram teoricamente aplicadas no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias.
O secretário de Governo do município, João Carlos de Souza Brecha, teria sido o responsável por inserir as doses no sistema. Ele foi um dos detidos na operação nesta quarta-feira (03).
As investigações ainda mostraram que no dia 27 de dezembro de 2022, os dados foram excluídos do servidor, com o argumento de que havia ocorrido um "erro". O mesmo ocorreu com Laura Bolsonaro.
A PF também diz que as apurações mostram que um dia após a inserção dos dados, foi emitido o certificado de vacinação de Bolsonaro pelo aplicativo ConecteSUS, utilizando o CPF do ex-mandatário, mas de um IP localizado no Palácio do Planalto. Tal emissão foi realizada mais de uma vez, nos dias 22 de dezembro, às 8h, 27 de dezembro, às 14h19, e 30 de dezembro, às 12h02.
Os ex-auxiliares de Bolsonaro prestaram depoimento nesta quarta-feira à PF, sendo o mais emblemático o tenente-coronel Mauro Cid, também envolvido no escândalo das joias da Arábia Saudita. Ele é considerado como um dos principais operadores do esquema de fraude.