André foi detido em dezembro de 2022, no Aeroporto de Guarulhos (SP)
Reprodução/redes sociais
André foi detido em dezembro de 2022, no Aeroporto de Guarulhos (SP)

O Ministério Público Federal  de São Paulo apresentou nesta quinta-feira (6) uma denúncia contra um homem que está preso desde dezembro do ano passado sob acusação de ter aliciado 12 brasileiros para levá-los a Mianmar, onde eram submetidos a trabalhos análogos à escravidão. 

André Luis Sales Cunha, de 24 anos, está preso preventivamente por entregar os cidadãos à máfia chinesa que atua no território de Mianmar. As pessoas foram submetidas à tortura física e psicológica. 

O homem, que foi detido pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos e está preso em São Paulo, responderá pelos crimes de organização criminosa, redução à condição análoga à de escravo e tráfico de pessoas.


André recrutava os brasileiros por meio de redes sociais, onde prometia trabalho na Tailândia com remuneração de US$ 1.500 (cerca de R$ 7.589 na cotação atual), além de alimentação e moradia gratuita. Ele recebia entre US$ 500 e US$ 1.000 por cada recrutamento. 

"Ao desembarcarem em Bangkok, na Tailândia, as vítimas – jovens brasileiros – se viam nas mãos da organização criminosa, comandada por chineses, que fazia a travessia das vítimas da Tailândia para Mianmar ilegalmente e as conduzia até uma espécie de "condomínio fechado" isolado, com vigias armados, conhecido como 'KK Park'. Ali, sob orientação do acusado, assinavam 'contrato de trabalho', sem poder examiná-lo, e tinham seus passaportes retidos", informou o MPF em nota. 

As pessoas trabalhavam aplicando golpes na internet em idosos americanos, se passando por mulheres bem-sucedidas. As jornadas de trabalho chegavam a 14h por dia, quase sem intervalo de descando no período.

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A remuneração que era ofereceida aos brasileiros nunca era paga por completo, dado que eles eram multados por atrasos e descumprimentos de metas. Eles ainda tinham de comprar alimentos e produtos de higiene, todos com preços superfaturados.

"Caso as vítimas quisessem sair do local antes do término do "contrato de trabalho", deveriam ressarcir os custos das passagens, hospedagem e demais dívidas, cobrando-se delas cerca de US$ 7.500 (aproximadamente R$ 37.948)", pontuou o Ministério Público.

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