O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em discurso na tribuna do Senado
Roque de Sá/Agência Senado - 01/02/23
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em discurso na tribuna do Senado

O presidente do Senado,  Rodrigo Pacheco , disse que apoia a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos ocorridos no 8 de janeiro de 2023, quando  manifestantes bolsonaristas invadiram os prédios dos Três Poderes.  O Planalto, no entanto, é contrário à instalação da investigação no Legislativo, temendo que a CPI vire "palco político" e fonte de desinformação. O governo quer que as responsabilizações continuem sendo feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério da Justiça.

A proposta de CPI foi protocolada pela senadora Soraya Thronicke (União) e já conta com mais de 31 assinaturas, acima do piso de 27, mínimo para pedir a protocolação. 

"Há fato determinado, de magnitude e importância, e assinaturas suficientes. Havendo o cumprimento dos requisitos, não resta a mim como presidente do Senado outra alternativa que não a leitura desse requerimento para viabilizar a comissão", disse Pacheco em entrevista ao jornal O GLOBO que foi ao ar neste domingo (12). 

"A partir daí, é um exercício político das indicações dos membros pelos blocos e partidos. Tenho visto em vários líderes o desejo de que a CPI aconteça. É absolutamente legítimo que o governo federal queira sugerir alternativas à comissão. É uma construção política que dentro da normalidade será feita em momento oportuno", completou. 

Pacheco também elogiou a atuação do governo federal no dia dos atos golpistas, mas ressaltou que houve "evidente falha enorme" que permitiu os acontecimentos. 

"O que se identifica muito prontamente é uma falha no sistema de segurança do Distrito Federal. Se houve outras falhas, inclusive do governo federal, de ter eventualmente subestimado o alcance dessas manifestações, isso deve ser apurado. É importante que possamos corrigir os erros para que daqui para frente algo parecido não aconteça. A democracia brasileira está de pé, inabalada e firme."

Ele culpa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por não ter tido a capacidade de conter o radicalismo dos apoiadores. 

"Isso virou um grande problema nacional. Foi um grande erro de Bolsonaro polemizar sobre temas que antes eram incontroversos e deixar de lado questões reais do país. Quando as famílias brasileiras passaram a divergir de maneira muito ríspida entre si sobre urna eletrônica e vacina, algo estava de fato muito errado no Brasil."

Segundo o presidente do Senado, o Brasil se tornou um "celeiro de desinformação". Ele, portanto, apoia o avanço do projeto de lei das fake news a fim de responsabilizar os financiadores e os disseminadores de notícias falsas. "É algo fundamental, e eu espero muito que a Câmara possa ter a mesma responsabilidade que o Senado teve". 

Pacheco foi reeleito para presidência do Senado no mês passado por 49 votos, contra 32 do seu opositor, o bolsonarista Rogério Marinho. O presidente do Senado disse que após o pleito a sua intenção é minimizar a polarização da Casa a fim de avançar com projetos importantes como a discussão sobre reforma tributária, do novo marco fiscal, do Código Eleitoral e da atualização do Código Civil.

Ele também elencou suas prioridades à frente do Senado pelos próximos dois anos.

"A prioridade no começo deste ano é a modificação do arcabouço tributário. Vamos tratar do estabelecimento de um limite fiscal, anunciado pelo governo, e a revogação do teto de gastos, instituindo um novo parâmetro de marco fiscal. Vamos cuidar também de matérias relativas ao meio ambiente como o combate ao desmatamento ilegal das nossas florestas e fortalecer as relações internacionais do Brasil para que a imagem e a credibilidade do país sejam recuperadas. Analisaremos ainda todas as medidas importantes para conter a inflação, reduzir a taxa de juros, aumentar a empregabilidade e valorizar a nossa moeda, conferindo estabilidade e segurança jurídica."

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