MP quer saber se Bolsonaro usou dinheiro público para turbinar notícias falsas mesmo sabendo da segurança das urnas
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 03/08/2022
MP quer saber se Bolsonaro usou dinheiro público para turbinar notícias falsas mesmo sabendo da segurança das urnas

O subprocurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, foi à Controladoria-Geral da União (CGU) para ter acesso ao relatório do órgão que atesta a segurança das urnas eletrônicas. Se o pedido for acatado, a CGU deverá entregar as informações em até 10 dias.

O relatório foi divulgado em uma reportagem do jornal O Globo, que obteve acesso ao documento por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Até então, o levantamento estava sob sigilo.

O documento foi um pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que questiona a segurança das urnas eletrônicas. No fim do ano passado, o PL pediu a anulação do segundo turno por suspeita de fraudes em 250 mil urnas e encomendou um estudo de uma instituição privada. O pedido foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que atestou a segurança das urnas e disse que a legenda não apresentou provas concretas das fraudes.

Furtado quer investigar se Bolsonaro sabia da segurança das urnas e mesmo assim teria utilizado dinheiro público para turbinar notícias falsas. Se as denúncias forem confirmadas, o subprocurador poderá enviar uma denúncia ao TCU e à Polícia Federal.

"Em razão dessa notícia como fato superveniente às eleições, especialmente diante do suposto conhecimento do Sr. Jair Bolsonaro acerca da inexistência de fraudes no pleito presidencial de 2022; entendo imperioso conhecer e avaliar a autenticidade do referido relatório", disse, em seu despacho.

O pedido é mais um sinal de pressão contra a cúpula bolsonarista após os ataques de 8 de janeiro e as manifestações contra as urnas eletrônicas adotadas pelo ex-presidente e seus apoiadores desde a derrota nas eleições do ano passado. Além dos atos em Brasília, a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres também comprometeu o grupo aliado à Bolsonaro. 

A base governista e opositores do ex-presidente tentam agilizar a tramitação de denúncias contra Bolsonaro para evitar uma disputa presidencial em 2026 e enfraquecer a cúpula bolsonarista no Congresso Nacional.

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