Às vésperas do 7 de setembro, Bolsonaro volta a atacar Moraes por decisão contra empresários
Flickr/TSE
Às vésperas do 7 de setembro, Bolsonaro volta a atacar Moraes por decisão contra empresários

O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Em evento com mulheres no Rio Grande do Sul, neste sábado (3), Bolsonaro afirmou que quem deu a "canetada" autorizando operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas é "vagabundo", em alusão à decisão do magistrado. A nova investida do presidente contra Moraes ocorre às vésperas dos atos de 7 de setembro, convocados por Bolsonaro.

Em agosto, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra empresários que compartilharam mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. O diálogo entre os bolsonaristas foi revelado pelo portal "Metrópoles" e incluía, entre outros, Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; André Trissot, do Grupo Sierra, de móveis de luxo, e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii. No aplicativo de mensagens, parte dos empresários defendeu um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito.

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"Vimos há pouco empresários tendo sua vida devassada, recebendo visita da Polícia Federal porque estavam privadamente discutindo um assunto que não interessa o que seja. Eu posso pegar meia dúzia aqui, bater um papo e falar o que bem entender. Não é porque tem um vagabundo ouvindo atrás da árvore a nossa conversa que vai querer roubar nossa liberdade. Agora, mais vagabundo do que esse que está ouvindo a conversa é quem dá a canetada após ouvir o que ouviu esse vagabundo", disse Bolsonaro durante evento no Sul.

Bolsonaro criticou ainda decisões que autorizaram a derrubada de páginas em redes sociais e mencionou que não há lei que permita um juiz decidir o que é desinformação. O presidente afirmou ainda que caso seja reeleito vai defender "com mais firmeza" os direitos individuais.

"Quando se fala em eleições, eleições quer dizer voto. E voto é convencer as pessoas. Você não vê gente do nosso lado indo para a esquerda, mas vê alguns da esquerda vindo para o nosso lado. Mas muitos mais podem vir, depende de vocês conversarem com essas pessoas", pediu o presidente, emendando:

"Eles começam gritando "fascista", "homofóbicos", mas conversem com essas pessoas, falem para eles: você quer comer cachorro? Quer perder sua liberdade, perder o uso do telefone celular, como temos visto por aí? Decisões absurdas desmonetizando páginas, derrubando páginas, bloqueando redes sociais. Quem é que diz que isso ou aquilo é ou não desinformação? Onde está a lei para mandar um juiz tomar decisão como essa? Não existe lei para isso. Pode ter certeza que, se Deus quiser, se essa for a vontade dele e o entendimento de vocês, após a reeleição, com mais firmeza ainda, nós vamos defender os direitos e garantias individuais previstos na nossa Constituição.
Em seguida, o presidente questionou se é verdadeira a frase da Constituição que diz que todo o poder emana do povo. Segundo Bolsonaro, a afirmação só é válida se o povo votar "acertadamente"."

"Quando se fala que todo poder emana do povo, será que isso é verdade? Emana em uma condição: se o povo votar acertadamente. E mesmo assim se esse escolhido pelo povo não os trair, o que é comum na política nossa aqui no Brasil", argumentou.

O presidente classificou a si mesmo como um democrata e voltou a falar que quer eleições "transparentes". Bolsonaro tem repetido frequentemente seu desejo por eleições "limpas" jogando suspeição sobre a segurança das urnas eletrônicas. No Rio Grande do Sul, ele afirmou novamente que em 2018 "tinha tudo para ganhar no primeiro turno".

"O nosso governo defende acima de tudo a nossa liberdade. Não podemos admitir limites na liberdade. O limite quem dá é a lei e não uma pessoa na canetada. Queremos eleições transparentes. Nós defendemos a Constituição e nunca saímos das quatro linhas da mesma. Tem certas coisas que depois de experimentá-las não tem mais retorno",afirmou.

O vice-presidente e candidato ao Senado no estado, Hamilton Mourão (Republicanos), também participou do evento. Candidato ao governo gaúcho, Onyx Lorenzoni (PL) também esteve ao lado do presidente.

Eleitorado feminino

Além dos ataques a Moraes, o candidato à Presidência fez movimentos para tentar conquistar o público feminino, principal obstáculo à sua reeleição. No encontro, o presidente modulou o tom ao falar da flexibilização do uso de armas, uma das pautas que afasta a preferência das mulheres por sua candidatura. De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira, enquanto Lula tem 48% da preferência do eleitorado feminino, Bolsonaro tem apenas 28%.

"Tem um cara (Lula) que deu a vida toda pão com mortadela para seus eleitores e agora quer que o povo acredite que se chegar à Presidência vai dar picanha. Diz, por exemplo, que vai transformar clubes de tiro em biblioteca. Tem caído e muito a violência no Brasil, mortes violentas, depois que chegamos ao governo, porque uma das medidas que tomamos, sei que muita mulher aqui é contra arma, é um direito de vocês, mas legalmente a arma é uma garantia de que você junto com a sua família não sofra violência dentro de casa",defendeu.

Durante o evento, ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o presidente também mencionou a filha Laura. Constantemente Bolsonaro é confrontado com uma declaração dada no passado quando afirmou que após quatro filhos homens, deu uma "fraquejada" e teve uma menina.

"Vocês sabem o que isso representa para todos nós, mas ninguém faz nada sozinho. Temos uma filha maravilhosa, fizemos em conjunto. Na política não é diferente", discursou.

A primeira-dama também falou durante o encontro. Michelle aproveitou o discurso para criticar a candidata à Presidência pelo MDB, Simone Tebet. Na quinta-feira, o TSE retirou do ar uma propaganda eleitoral protagonizada por Michelle após ação movida pela campanha da emedebista.

"A perseguição está clara. Quando uma mulher fala que tem que votar em mulher, quando fala que pode estar onde ela quiser, que tem liberdade de expressão, mas que daqui a pouquinho entra na Justiça e tenta calar outra mulher", criticou.

Nora do presidente, Heloísa Bolsonaro também falou no evento em Novo Hamburgo, sua cidade natal. Na apresentação, a psicóloga falou ao eleitorado conservador, defendeu a maternidade e criticou feministas.

"Casamento é submissão. E deve ter gente pensando: não acredito que ela falou isso. As tias do zap já me xingaram: uma mulher tão jovem dizendo isso? "Casamento é submissão". E é. É estar sob a mesma missão. E é por isso que escolhi com quem me casei. E é claro. Não seja submissa a um homem que te humilha, te maltrata. Mas seja submissa a um homem que é submisso a Deus, que é temente a Deus", disse.

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