Em uma reunião por teleconferência no dia 1º de maio, que marcou a saída de quatro integrantes do Departamento de Ética criado para lidar com denúncias de assédio sexual, diretoras do Arte de Viver afirmaram que o guru Sri Sri Ravi Shankar deu ordens para que a instituição não procurasse o Ministério Público ou a polícia, e não deveria haver comunicação externa sobre os casos. Segundo relatos de pessoas que estiveram no encontro, uma nota de repúdio aos casos denunciados estava pronta, mas o guru mandou cancelar a divulgação.
De acordo com estes participantes, diretoras da Arte de Viver repassaram que, para Shankar, caberia às vítimas procurar as autoridades para denunciar o assédio. A reunião foi quase um mês após o surgimento das denúncias de assédio sexual contra Pankaj Gupta, posteriormente expulso da ONG, onde tinha o nome de Swami Paramtej. A Polícia Civil de São Paulo investiga uma denúncia.
Procurada, a ADV alegou que as ex-integrantes do departamento se negaram a assinar um “termo de confidencialidade" para assumir suas funções. A ONG informa que analisa medidas legais “quanto à utilização indevida e não autorizada dos dados e informações a que tiveram conhecimento”.
A instituição acrescentou que “se solidariza com as pessoas que tenham se sentido de alguma forma importunada ou incomodada por atos praticados por voluntários da organização”.
A ONG lembrou que, depois dos primeiros relatos de “condutas inapropriadas”, procurou confirmar os fatos para as “medidas cabíveis, em especial, o acolhimento e assistência das pessoas que foram importunadas ou assediadas”. A Arte de Viver reforçou que que contratou um escritório de advocacia para ouvir os envolvidos. “O escritório concluiu que os fatos ocorreram sem o conhecimento dos gestores”, diz a nota.
Segundo o comunicado, “as vítimas, indagadas sobre o apoio da organização para adoção de medidas judiciais, relataram não ter interesse, agradecendo as medidas punitivas de afastamento e desligamento aplicadas aos voluntários”. A instituição também nega que as denunciantes tenham sido “obrigadas a manter sigilo e não reportar o caso às autoridades competentes”.
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