Manifestantes realizaram uma vigília em frente à Embaixada do Brasil em Londres para pedir empenho nas buscas pelo indigenista Bruno Araujo Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips, desaparecidos desde domingo no Vale do Javari, na Amazônia. O protesto contou com a participação de Sian Phillips, irmã do repórter.
A manifestação começou por volta das 8h, no horário local. Um grupo de pessoas se reuniu segurando cartazes com imagens de Dom Phillips e Bruno Pereira. Os manifestantes querem entregar uma carta ao embaixador brasileiro pedindo que ele peça às autoridades do Brasil a aceleração dos trabalhos de busca imediatamente.
Dom Phillips e Bruno Pereira desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, quando faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte. Bruno vinha sendo alvo de ameaças por defender comunidades indígenas contra a ação de garimpeiros, pescadores e madeireiros. A região sofria com a invasão de garimpeiros desde o início deste ano.
Um suspeito foi preso. Trata-se de Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido pelo apelido de Pelado. A lancha do suspeito foi vista perseguindo o barco do indigenista Bruno Pereira e de Dom Phillips logo depois que eles deixaram a comunidade de São Rafael, em Atalaia do Norte. Durante a perseguição, ele estaria acompanhado de outras quatro pessoas, que vêm sendo procuradas pelos investigadores. Pelado foi detido e trazido para a cidade na própria lancha.
Uma testemunha considerada chave afirmou que viu Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, carregar uma espingarda e fazer um cinto de munições e cartuchos pouco depois que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips deixaram a comunidade São Rafael com destino à Atalaia do Norte, na manhã do último domingo. O GLOBO teve acesso ao relato.
Testemunhas relataram aos policiais que a embarcação do suspeito, apreendida e trazida com ele até a cidade, passou em alta velocidade atrás de Bruno Pereira e Dom Phillips tão logo eles deixaram a comunidade São Rafael, em uma visita previamente agendada, para que o indigenista fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”, que é tio de Pelado, com o objetivo de consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território, bastante afetado pelas intensas invasões.
Os dois desaparecidos viajavam com uma embarcação nova, com motor de 40 HP e 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem, e 07 tambores vazios de combustível. A lancha de Pelado tem um motor 60 HP e é mais veloz.
Os dois chegaram ao local de destino (Lago do Jaburu) no dia 03 de junho de 2022, às 19h25. No dia 05, os dois retornaram logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte. No entanto, antes eles pararam na comunidade São Rafael, em uma visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o comunitário apelidado de “Churrasco”, que é tio de Pelado, com o objetivo de consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território, bastante afetado pelas intensas invasões.
Na comunidade São Rafael, a dupla iria conversar com o líder, o “Churrasco”, mas foram recebidos por sua mulher, que ofereceu a eles “um gole de café e um pão”, segundo os vigilantes. Isso tudo ocorreu por volta das 4h do domingo.
De acordo com lideranças da Univaja, os dois se deslocaram pelo rio Itaquaí com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima à localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da Funai no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas.
"Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado. Vale ressaltar que o indigenista Bruno Pereira é uma pessoa experiente e que conhece bem a região, pois foi coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos", afirma o advogado da Univaja, Eliésio Marubo.
Bruno Araújo era alvo constante de ameaças pelo trabalho que vinha fazendo junto aos indígenas contra invasores na região, pescadores, garimpeiros e madeireiros. O Vale do Javari é a região com a maior concentração de povos isolados do mundo.
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