Há um ano a perseguição a Lázaro Barbosa, que se estendeu por 20 dias, teve início, após o criminoso invadir uma residência de Ceilândia e matar uma família de quatro pessoas. Investigado por mais de 30 crimes, o homem de 32 anos acabou morto em um confronto com a polícia, que pôs fim aos dias de pânico na região de Cocalzinho, em Goiás, que fizeram moradores abandonarem suas casas e comerciantes fecharem suas lojas.
Segundo o Ministério Público de Goiás, os inquéritos envolvendo Lázaro Barbosa foram arquivados devido a sua morte. Um último processo, relativo as suspeitas de que um fazendeiro da região teria fornecido ajuda ao criminoso, também foi arquivado, após Elmi Caetano Evangelista, de 74 anos, morreu em março deste ano. Ele sofria de câncer no esôfago e tinha diabetes.
Durante os 20 dias, 270 policiais procuravam por Lázaro. Participaram das buscas equipes das polícias Civil e Militar de Goiás e do Distrito Federal, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DF) e do Corpo de Bombeiros Militar (CBMGO)
Relembre a perseguição
A fuga de Lázaro começou em 9 de junho. Nesta data, o criminoso invadiu a chácara de Cláudio Vidal, na região do Incra 9, em Ceilândia (DF). No local, ele matou Cláudio e seus filhos em uma ação que durou cerca de 10 minutos.
No momento da fuga, Lázaro fez Cleonice Marques, de 43 anos, mulher de Cláudio, refém e a sequestrou. Logo após a entrada do bandido na casa, ela teria feito uma ligação para seu irmão pedindo por socorro. Sua família chega momentos depois, mas encontra apenas os corpos de Cláudio e seus filhos. O corpo de Cleonice foi encontrado três dias depois em um córrego próximo ao Sol Nascente, no Distrito Federal.
Ainda em 9 de junho, já em fuga, Lázaro roubou uma chácara em Ceilândia. Ele é apontado como o criminoso que rendeu o caseiro, o dono da propriedade e a filha dele.
Na manhã do dia seguinte, 10 de junho, Lázaro Barbosa invadiu outra residência a apenas três quilômetros de distância da chácara da família de Cláudio e Cleonice. Ele teria mantido a dona da casa, Sílvia Campos, de 40 anos, e o caseiro, Anderson, de 18, sob a mira de sua arma durante três horas e os obrigado a fumar maconha. O fugitivo também teria roubado cerca de R$ 200 e celulares antes de deixar o local.
Roubo e refém
Em 11 de junho, Lázaro teria roubado um carro e feito mais um refém. Com o veículo, ele teria ido para Cocalzinho de Goiás, onde abandonou e queimou o veículo. No dia seguinte, enquanto os policiais encontravam o corpo de Cleonice, Lázaro invadia uma residência nos arredores de Lagoa do Samuel, na zona rural de Cocalzinho. No local, ele teria feito o caseiro de refém.
Ainda em 12 de junho, o serial killer invadiu mais uma propriedade e atirou contra três homens. Nessa casa, ele teria roubado armas de fogo. De acordo com o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, a munição e armamentos de Lázaro foram roubados de um militar da Aeronáutica nesta residência.
Os policiais estiveram perto da apreensão de Lázaro no domingo, dia 13. Nesta data, o criminoso roubou um carro e o abandonou ao ter avistado um bloqueio das forças de segurança. De acordo com os investigadores, Lázaro fugiu para o mato e no carro foi encontrado um carregador de munição. Houve troca de tiros.
Tiroteio
Outro tiroteio ocorreu no dia seguinte, 14 de junho. Dessa vez, foi contra um fazendeiro da região do distrito de Edilândia, na zona rural de Cocalzinho. No dia seguinte, uma família foi feita refém e levada para a beira de um rio. Eles foram salvos pela polícia após terem sido acionados pelo celular de uma das vítimas. Na troca de tiros, um policial levou dois tiros de raspão no rosto.
Na quarta-feira (16), Lázaro foi visto por um morador da região. Na ocasião, Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, afirmou que o serial killer estava cansado, com fome e acuado.
"Ele já está com mais dificuldade ainda de conseguir alimento. Ele geralmente sai da mata atrás de comida, de alimentação. Ontem ele tentou, inclusive levou algumas vítimas para a beira do rio, mas nós conseguimos evitar que o mal acontecesse", disse o secretário a jornalistas
Na quinta, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ofereceu 20 agentes da Força Nacional para ajudar nas buscas pelo assassino.
Na mesma data, o pai de Lázaro, Edenaldo, deixou a cidade de Edilândia, com medo da repercussão do caso, que já ganhara alcance nacional. Em entrevista, ele chegou a descrever o filho como "um monstro".
No dia 17, duas pessoas afirmam às autoridades terem visto Lázaro Barbosa, em Cocalzinho. Horas mais tarde, a polícia chega a trocar tiros com o criminoso. O Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), Rodney Miranda, diz a imprensa que Lázaro pode ter sido ferido.
No dia 18, a força-tarefa passa a contar com 270 agentes. No dia 19, um morador de Cocalzinho relatou ter encontrado sua residência revirada, o que levantou suspeitas de que Lázaro pudesse ter passado. No dia 21, a Defensoria Pública de Goiás pede a Vara de Execuções Penais que a integridade física de Lázaro Barbosa seja garantida, caso ele seja preso com vida.
No dia 22, um homem tenta invadir uma fazenda em Girassol e troca tiros com um proprietário rural. Ninguém é atingido. As buscas continuam.
Caseiro e fazendeiro presos
No dia 24, um fazendeiro e um caseiro são detidos pela polícia, suspeitos de ajudarem Lázaro Barbosa em sua fuga. Eles teriam fornecido abrigo e comida para o criminoso. Segundo o caseiro Alain Reis de Santana, de 33, seu chefe, Elmi Caetano Evangelista, teria empregado a mãe de Lázaro no passado e já conhecia o homem. Após audiência de custódia, o caseiro foi liberado e o proprietário rural mantido preso até o dia 17 de julho.
As buscas avançam nos dias seguintes, e o cerco se fecha sobre o criminoso, na região do município de Águas Lindas. No dia 28, após ser baleado, ele chegou a ser encaminhado para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos. A troca de tiros foi em Itamaracá, em Águas Lindas de Goiás, região onde o criminoso estava sendo procurado desde a noite de domingo.
Moradores do Setor Itamaracá afirmaram ter visto o criminoso por volta das 21h de ontem e chamaram a polícia. Lázaro ignorou uma tentativa de negociação feita pelos agentes para que se entregasse. Durante a madrugada, foi montado um cerco na região, com o apoio de helicópteros e cães farejadores.
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