Até o início da noite desta segunda-feira, o paradeiro do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que estão desaparecidos desde a tarde de ontem no Vale do Javari, na Amazônia, não foi localizado nem pelos servidores da Funai e da Força Nacional de Segurança que iniciaram as buscas no fim da manhã nem pelas equipes lideradas pela PF à tarde.
Composta por três servidores da Funai e dois agentes da Força Nacional, a equipe da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari retornou à base por volta das 18 horas, sem encontrar vestígios dos desaparecidos ou do barco em que viajavam. O mesmo ocorreu com as outras equipes:
"Nada ainda. Amanhã cedo continuaremos", disse ao GLOBO o delegado Ramon Santos Morais, chefe da PF em Tabatinga.
Na tarde de hoje, o Ministério da Justiça e Segurança Pública iniciou operações com a Marinha por meio aéreo, fluvial e terrestre, conforme informou o ministério em nota. As buscas são auxiliadas por equipes da Polícia Federal, Funai, Exército e Força Nacional de Segurança lideradas pelo delegado Ramon.
Em Brasília, os trabalhos da força-tarefa são acompanhados pelo chefe do Serviço de Repressão a Crimes Contra Comunidades Indígenas da Polícia Federal, delegado Paulo Teixeira.
Desde o início do ano, um inquérito aberto pelo Ministério Público Federal em Tabatinga investiga as ameaças recebidas pelo indigenista Bruno Pereira. As procuradoras Aline Martinez dos Santos e Nathalia Geraldo Di Santo, ambas baseadas no município amazonense, estiveram há duas semanas em Atalaia do Norte para apurar as denúncias.
Nesta segunda-feira, uma notícia de fato sobre o desaparecimento de Pereira e Phillips passou a tramitar juntamente com o procedimento.
Fontes ligadas à investigação disseram ao GLOBO que o indigenista e o jornalista iniciaram na semana passada uma expedição de vigilância no rio Itaquaí na companhia de uma escolta composta por seis seguranças armados da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
Durante a operação, eles teriam apreendido equipamentos de pescadores que, no sábado, retornaram armados e em maior número ao acampamento da Univaja, instalado pouco depois da base da Funai no rio Ituí, e recuperaram os pertences. Segundo um integrante da Funai que não quis se identificar por temer retaliações, Phillips teria filmado toda a ação dos pescadores armados.
No domingo, Pereira e Phillips saíram sozinhos em uma embarcação rumo à comunidade ribeirinha de São Rafael, onde planejavam se encontrar com lideranças locais. Sem esperar pela escolta, decidiram seguir até Atalaia do Norte, um trajeto que em condições normais não costuma demorar mais de duas horas. No momento em que sumiu, a dupla estava sozinha numa embarcação conhecida como “voadeira”.
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