Yanomami: PF prende condenado por genocídio há quase 30 anos

Garimpeiro Eliézio Monteiro Nerj estava foragido pela participação no Massacre do Haximu, que deixou 16 indígenas mortos em 1993

Indígenas ianomâmi
Foto: Reprodução/Gustavo Miranda O Globo - 06.05.2022
Indígenas ianomâmi

A Polícia Federal em Roraima prendeu na noite desta quinta-feira o garimpeiro Eliézio Monteiro Nerj, foragido da Justiça após ser condenado por participar de um genocídio de indígenas ianomâmi há quase três décadas. O Massacre do Haximu, como ficou conhecida a série de assassinatos, deixou 16 mortos em 1993, na região próxima à fronteira com a Venezuela. Entre as vítimas, estavam mulheres, crianças e um bebê.

Segundo a PF, os agentes souberam que Nerj chegaria à capital roraimense pela rodoviária e solicitaram apoio da Polícia Militar. O garimpeiro foi abordado quando estava em um supermercado. Ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde segue à disposição da Justiça.

O mandato de prisão contra Nerj foi expedido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região em agosto de 2018. O caso é tratado como crime de genocídio desde 2006, a partir de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em sua denúncia, Ministério Público Federal (MPF) apontou a participação de ao menos 22 garimpeiros no massacre. Apenas cinco, no entanto, foram condenados à prisão por genocídio, contrabando e garimpo ilegal. Entre eles, estava Nerj.

aumento da exploração da Terra Indígena Yanomami pelo garimpo ilegal tem criado um cenário de terror e medo nas mais de 350 comunidades existentes no território, que sofrem com fome, exaustão, doenças e violência, incluindo abuso sexual de mulheres e crianças em troca de comida, como mostrou O GLOBO.

Em abril, lideranças ianomâmis denunciaram o assassinato de uma menina indígena de 12 anos que teria sido estuprada antes de morrer. Os indígenas também relataram que um criança de 3 anos foi jogada no rio e estava desaparecida. O caso ocorreu após suposto ataque e tentativa de sequestro de indígenas por garimpeiros.

A PF afirmou que não encontrou indícios de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento na terra Yanomami. Em comunicado, o órgão disse que as diligências no local haviam sido finalizadas e que os agentes retornaram a Boa Vista.


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