Câmara aprova comissão externa para acompanhar caso dos Yanomami
Casa também aprovou esta semana um grupo de trabalho para verificar denúncias
A Câmara aprovou nesta quinta-feira a criação de uma comissão externa de deputados para averiguar a situação de crianças, adolescentes e mulheres da comunidade Aracaçá, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, que teriam sido vítimas de violência praticada por garimpeiros que exploram ilegalmente a região. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), será responsável por formalizar a indicação dos membros.
Há dois dias, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa já havia criado um grupo de trabalho para acompanhar a situação.
Ao GLOBO, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que parentes de uma adolescente, de 12 anos, relataram que ela foi estuprada, violentada e morta por garimpeiros. Hekurari denunciou ainda que uma criança, de três anos, está desaparecida após ter sido jogada de um barco com sua mãe, durante tentativa de sequestro, na tarde de segunda-feira. A mulher de 28 anos sobreviveu, mas o filho teria se afogado.
Agentes da Polícia Federal (PF) destruíram parte da logística utilizada por garimpeiros ilegais dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na última quinta-feira, para investigar os casos. Os policiais inutilizaram motores, geradores, rede elétrica, seis barracos e 17 mil litros de combustível. Ao fim da operação, porém, os agentes informaram não ter encontrado indícios de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento.
A Terra Indígena Yanomami é a maior do país, com cerca de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Roraima, onde fica a maior parte, e Amazonas. São mais de 28,1 mil indígenas que vivem na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.
A região é explorada por garimpeiros há décadas, que buscam minérios como ouro e cassiterita, usada na fabricação do estanho. Estima-se que 20 mil invasores estejam no território.