Uma semana após ter renunciado à prefeitura de Belo Horizonte para disputar as eleições deste ano, o pré-candidato ao governo de Minas Gerais, Alexandre Kalil (PSD), analisa um convite para trocar de partido, para o PSB. Kalil recebeu a proposta em um almoço com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que está na capital mineira desde quarta-feira e segue na cidade nesta sexta. O partido acenou a Kalil com a garantia de uma aliança formal com o ex-presidente Lula (PT), vista como desejável tanto por aliados do petista quanto do ex-prefeito .
Nos últimos dias, lideranças estaduais do PSD reforçaram que uma prioridade do partido é a reeleição do senador Alexandre Silveira no estado. Silveira foi suplente de Antonio Anastasia, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e é próximo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Já o PT, para concretizar a aliança com Kalil, deseja ter apoio à candidatura do deputado federal petista Reginaldo Lopes ao Senado.
Kalil tem até sábado para decidir se aceita o convite do PSB. A legislação eleitoral exige que candidatos estejam filiados seis meses antes do pleito ao partido pelo qual disputarão as eleições, marcadas neste ano para o dia 2 de outubro. No caso de deputados federais e estaduais, a janela de migração partidária sem perda de mandato fecha nesta sexta.
Ao GLOBO, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que seu objetivo em Minas é "contribuir para o fortalecimento da candidatura de Kalil", a quem descreveu como "nosso aliado", além de reforçar o partido com filiações de candidatos a deputado.
O deputado federal Vilson da Fetaemg, que comanda o diretório do PSB em Minas, garantiu o partido na base de apoio de Kalil e confirmou a intenção de filiar o ex-prefeito de BH.
"Siqueira esteve ontem (quinta-feira) com o Kalil e reiterou o convite que já havíamos feito desde o ano passado. Kalil está analisando. Ele é muito correto, tem algumas questões para resolver dentro do seu partido" disse o parlamentar.
Apesar das resistências ao arranjo com Lula, Kalil é considerado pela cúpula do PSD, presidido por Gilberto Kassab, como um dos principais quadros do partido para candidaturas ao Executivo neste ano. Mesmo após receber três negativas de presidenciáveis, Kassab mantém o discurso de que o partido buscará candidatura própria à Presidência e que só fará um eventual apoio nacional a Lula no segundo turno, para evitar crise com parlamentares contrários ao petista. O próprio Kalil já foi um nome cogitado, no passado, para concorrer ao Planalto pelo PSD, antes de ter embarcado no projeto da candidatura ao governo de Minas.
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Kalil tem feito sucessivos movimentos rumo à aliança com o PT e com Lula. Para candidato a vice-governador em sua chapa, ele convidou o presidente da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), Agostinho Patrus, filiado ao PV, sigla que acertou uma federação com o PT.
O PV filiou nesta semana algumas lideranças que saíram do PSB mineiro, como o deputado federal Julio Delgado, que vinha insatisfeito com a gestão local do partido. Outro nome que ingressou no PV foi o sociólogo João Batista Mares Guia, cujo irmão, Walfrido Mares Guia, ex-ministro do Turismo no governo Lula, é um dos principais interlocutores que buscam formar pontes entre o ex-presidente e Kalil. Os irmãos vão participar da coordenação da campanha de Lula em Minas.
Enquanto aguarda Kalil, o PSB buscou outros nomes próximos ao ex-prefeito e ao PT. Na quinta, o partido filiou o ex-deputado Saraiva Felipe, antiga liderança do MDB mineiro que foi ministro da Saúde no governo Lula e, posteriormente, um dos principais aliados do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em seu processo de cassação em 2016. Outro ex-emedebista buscado pelo PSB é o ex-deputado Adalclever Lopes, um dos principais aliados de Kalil, hoje também filiado ao PSD.
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