Polícia investiga influenciador suspeito de aplicar golpes
Bruno Maffei, que tem mais de 400 mil seguidores nas redes sociais, aparece como autor de crimes em pelo menos nove inquéritos na capital fluminense
Policiais civis do Rio e de São Paulo investigam o modelo, ator e influenciador Bruno Donato Maffei pelos crimes de estelionato e uso de documentos falsos por aplicar golpes na venda de bolsas de luxo pela internet e por utilizar informações de terceiros para abertura de contas em bancos digitais. De acordo com os inquéritos, o rapaz oferecia os acessórios de grife em um perfil nas redes sociais e, após receber os pagamentos, deixava de responder aos compradores e não entregava os produtos. Equipamentos eletrônicos e chips de celulares apreendidos em seu apartamento, na orla de Ipanema, na Zona Sul da cidade, na semana passada, estão sendo periciados pelos agentes.
De acordo com o delegado Leonardo Bürger, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Limeira, no interior paulista, as investigações na cidade começaram após duas amigas de Cordeirópolis procurarem a delegacia, em outubro. Por meio de perfil no Instagram do brechó “Me deu bode”, elas encomendaram bolsas da Gucci e da Louis Vuitton, transferindo R$ 5 mil via PIX a uma conta digital. Após o pagamento, as mulheres foram bloqueadas e não mais conseguiram contato com o suposto vendedor.
"A partir dos registros de ocorrência, realizamos diligências, analisamos dados e ainda conseguimos a quebra do sigilo bancário, podendo concluir que foi Maffei quem recebeu os valores pela negociação das bolsas. De acordo com as investigações, além de exibir fotos dos produtos, ele enviava certificados de autenticidade dos mesmos, dando realmente a impressão de que a compra era segura" explica.
Leonardo Bürger conta que, ao abri as contas no banco digital para onde foram repassados os pagamentos das vítimas, Bruno Maffei chegou a apresentar uma selfie. Ele chegou a representar pela prisão preventiva do influenciador, mas só teve deferido pelo poder judiciário um mandado de busca e apreensão, cumprido em um imóvel da família do rapaz, na Avenida Vieira Souto. Na residência de cerca de 100 metros quadrados e que seria avaliada em R$ 10 milhões, foram encontrados três celulares, 13 chips de aparelhos, R$ 2.500, duas bolsas, além de um caderno de anotações.
A investigação agora irá se debruçar a apurar se existe uma rede em torno desses crimes ou se o influenciador é o único responsável pelo esquema, que pode envolver mais de mil vítimas em diversos estados do país. No Rio, Bruno Maffei figura em nove inquéritos como autor de estelionato e outras fraudes em delegacias da Zona Sul e da Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Na 12ª DP (Copacabana), ele foi indiciado por estelionato e falsificação de documento público após um homem de São Paulo ir na distrital, em 2020, dizendo que alugou um apartamento de temporada na Rua Belfort Roxo com Bruno Maffei, pelo qual o transferiu R$ 1.600. Ao chegar no imóvel, entretanto, descobriu que o influenciador não morava lá havia mais de um ano e o bloqueou para enviar mensagens e ligações pelo celular. Ao conseguir contato, ele alegou estar envolvido em uma ocorrência na 14ª DP (Leblon) e que teria sido encaminhado para exame de corpo de delito, enviando para a vítima a foto da suposta requisição pericial.
No mesmo ano, um homem se dirigiu até a 16ª DP (Barra da Tijuca) e narrou que Bruno Maffei foi o responsável por furtar três relógios de luxo, um computador, uma placa de áudio, um jogo de microfone, uma bateria, um violão e uma mala de roupas, em um prejuízo estimado em R$ 30 mil, de sua casa. A vítima contou ter trabalhado com o influenciador em uma produtora de eventos e relatou que ele aproveitou saber de sua rotina de viagens como músico para entrar na residência, em um condomínio na Avenida das Américas. Uma câmera de segurança flagrou o crime.
Na mesma distrital, a proprietária de uma loja localizada no Shopping Cittá América relatou que, em 28 de novembro de 2019, Bruno Maffei retirou do estabelecimento uma bolsa de R$ 3.800 com a promessa que pagaria no mesmo dia. Ele teria se apresentado como assessor de outro empresário do mesmo centro comercial e chegou a enviar um comprovante de depósito falsificado para ela.
"Assim que concluímos as investigações, relatando pelo indiciamento, iremos enviar um relatório completo com as informações dos crimes apurados para instruir, por meio das provas obtidas, as outras polícias do país nos demais inquéritos em andamento" informou o delegado Leonardo Bürger, da DIG de Limeira.
Procurado pelo GLOBO pelas redes sociais, Bruno Donato Maffei não retornou os contatos. Em seu perfil no Instagram, ele tem 407 mil seguidores, mas não faz publicações desde fevereiro de 2016. Na página, ele exibe fotos na academia, na praia, em viagens para destinos como Fernando de Noronha e Maldivas, e com celebridades.
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