Alessandro com o filho, morto em tragédia de Petrópolis
Reprodução O Globo
Alessandro com o filho, morto em tragédia de Petrópolis

Para o professor Alessandro Garcia, de 38 anos, aquela era uma tarde especial. Pela primeira vez ele ouvia o filho Bento, de 5 anos, o chamar de "papai". Autista, a criança havia tido seu primeiro dia na escola, junto à irmã, Sophia, de 1 ano e sete meses, naquele dia 15 de fevereiro. Mas a alegria se transformou em tragédia. Em poucos segundos. Uma enxurrada de lama e destroços invadiu a casa onde ele morava com a família na Rua Teresa, um dos pontos mais atingidos pelo temporal que devastou a cidade. Alessandro perdeu a mulher, os dois filhos e os sogros, além do imóvel.

Desde então, amigos organizam uma campanha de financiamento on-line para ajudá-lo a recomeçar. A mobilização viralizou nas redes nos últimos dias. Nesta terça-feira, o professor agradeceu por todo amor e solidariedade: "Ainda não tenho condições de falar muito, mas não tem preço toda acolhida que tem me envolvido. Não sei o que seria de mim se estivsse sozinho numa hora dessas", postou Alessandro na web.

O impacto emocional no dia da tragédia foi tanto que Alessandro saiu de casa andando após a inundação e afirmava ainda estar com o filho no colo, mesmo o menino tendo ficado sob a lama. Chegou à casa de um parente e dormiu, tamanho o estado de choque. Foi só no dia seguinte que descobriu ter quebrado as duas pernas, segundo relatos de parentes de Alessandro. Na adrenalina, não sentiu dor. Pelo menos não a física.

— O Bento estava no colo do pai quando tudo aconteceu. E ele (Alessandro) agora se culpa como se não tivesse segurado o filho forte o suficiente. Mas isso não existe, é claro — contou a prima de Carolina, Karina Carla de Souza, de 34 anos, que acompanhou os sepultamentos.


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