O assassinato do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 25 anos , provocou revolta e teve repercussão entre diversas autoridades, movimentos sociais e entidades de defesa dos direitos humanos. Em comum, todos pedem apuração imediata e punição aos responsáveis por espancar Moïse com pedaços de madeira e até um taco de beisebol na noite do último dia 24 de janeiro, no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca .
O governador Claudio Castro mostrou indignação e ressaltou que a Polícia Civil está em busca da identificação e captura dos responsáveis pelo brutal espancamento na orla da Barra da Tijuca.
"O assassinato do congolês Moïse Kabamgabe não ficará impune. A Polícia Civil está identificando os autores dessa barbárie. Vamos prender esses criminosos e dar uma resposta à família e à sociedade. A Secretaria de Assistência à Vítima vai procurar os parentes para dar o apoio necessário", escreveu.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), afirmou na manhã desta terça-feira que “o assassinato de Moïse Kabamgabe é inaceitável e revoltante”. Em conversa com O GLOBO, o chefe do executivo municipal afirmou que está “acompanhando as investigações e as respostas” que terão futuramente.
"Tenho a certeza de que as autoridades policiais atuarão com a prioridade e rigor necessários para nos trazer os devidos esclarecimentos e punir os responsáveis", disse Paes, que completou: "A prefeitura acompanha o caso", escreveu Paes, no Twitter .
Também pelo Twitter , o Secretário de Fazenda e Planejamento do Rio, Pedro Paulo, disse que caso comprovada a participação do dono do quiosque Tropicália, a concessão do quiosque será cassada.
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"O brutal assassinato do jovem Congolês Moïse é inadmissível e requer apuração rápida e rigorosas punindo todos os culpados. Solicitei ao secretário (de Ordem Pública) Brenno Carnevale que acompanhe de perto toda a investigação. Caso se confirme a participação ou conivência do concessionário/proprietário do Quiosque Tropicália, será imediata a cassação de sua licença e concessão. É inaceitável que o espaço mais democrático dessa Cidade possa ser concedido a alguém capaz de um ato tão brutal e desumano!", escreveu Pedro Paulo.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro também está acompanhando o caso de perto. Em nota, a instituição informou que está acompanhando com atenção o ocorrido e está no aguardo da remessa do inquérito da Polícia Civil para dar os trâmites legais sobre o caso, ou se for necessário, pedir mais esclarecimento ou diligências as autoridades investigadoras.
A Comissão de Direitos Humanos da Alerj também acompanha o caso e está prestando assistência aos familiares. A presidente deputada estadual Dani Monteiro, encontrou com os familiares do congolês nesta segunda e voltará a se reunir com os familiares do refugiado ainda nesta terça-feira. Ela está na sede da Divisão de Homicídios da Capital para acompanhar os parentes.
"É difícil falar desse tema. Negros e negras daqui e também os asilados, não são vistos como cidadão. Ele foi morto por R$ 200. Por R$ 200. Quanto vale a nossa vida negra? Estamos falando de um trabalhador que vendeu sua força de trabalho e foi apenas recebe. No entanto, foi morto. O corpo dele foi amarrado, espancado na rua e tudo foi naturalizado. As pessoas passavam e não falavam nada. Temos o relato (das agressões) da família e todas as informações da perspectiva cabe a Polícia Civil", disse a parlamentar.
Outras entidades sociais também estão com as atenções e ações voltadas para o caso. O PARES Cáritas RJ, o ACNUR e a OIM divulgaram nota onde afirmam que esperam que o crime seja esclarecido e apresentando condolências e solidariedade à família de Moïse e à comunidade congolesa residente no Brasil. A presidente do Movimento União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) comandou um protesto em frente à Divisão de Homicídios.
"Se fosse um trabalhador branco as imagens estariam aí. Mas, como é um negro que fugiu da barbárie, em busca de socorro, foi executado e nada. Até quando? Ele foi morto por um homem de bem. Poderia ser qualquer um de nós", disse Claudia Vitalino.