Há cerca de cinco meses, Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como Faraó dos Bitcoins, foi preso . Ele é acusado de liderar um esquema de pirâmide financeira disfarçada de consultoria de investimentos em criptomoedas.
Com a GAS Consultoria Bitcoin, ele e sua esposa Mirelis Zerpa, que está foragida, teriam movimentado R$ 38 bilhões.
Logo após a prisão de Glaidson, a Justiça determinou os bloqueios dos bens do ex-garçom. Em seguida, a empresa informou a seus clientes que não poderia mais fazer os repasses dos rendimentos prometidos.
Com sede em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, a GAS prometia rendimentos mensais de 10% sobre o valor aportado.
Agora, o criminalista Ciro Chagas, que defende Mirelis, informou que foi autorizado por ela a apresentar à Justiça Federal um plano de pagamento aos clientes lesados.
GAS diz que vai reembolsar clientes
Ao jornal O GLOBO, Ciro Chagas disse que já notificou a juíza Rosália Figueira, da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, onde tramita o processo, sobre as intenções de Mirelis.
Uma das possibilidades para este acordo, segundo o GLOBO, seria um acordo de leniência. Neste caso, a GAS assumiria as obrigações fiscais sobre as operações.
O anúncio do plano de pagamento foi feito na última segunda-feira, durante uma live organizada pela advogada Mônica Coelho Lemos, que defende o casal.
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Durante a transmissão, assistida por quase 20 mil pessoas, Ciro garantiu que há recursos para os ressarcimentos.
Contudo, ele não forneceu detalhes sobre a origem desses recursos tampouco sobre a forma de pagamento que será proposta. Ele d isse apenas que a GAS deve passar por uma auditoria para levantar a relação com cada investidor.
O advogado ressaltou, no entanto, que o processo pode ser dificultado. Isso porque os bens estão bloqueados, Glaidson está preso e Mirelis foragida:
“Isso obriga a defesa a muitas idas e vindas ao presídio, a cada dúvida que aparece. Fora o fato de se tratar de criptoativos, cujo levantamento vai depender de muito mais do que uma ordem judicial.”
Investigadores recebem notícia com desconfiança
Ainda segundo o GLOBO, os investigadores do caso foram surpreendidos com a notícia do plano de reembolso.
Mas alguns deles acreditam se tratar de uma forma para pressionar a Justiça a libertar Glaidson e suspender as buscas por Mirelis.
Segundo as investigações, a venezuelana está nos Estados Unidos e, antes de fugir, teria conseguido sacar R$ 1 bilhão em Bitcoin.
O Ministério Público Federal (MPF) já pediu sua extradição e seu nome consta na difusão vermelha da Interpol. Agora, a justiça brasileira aguarda que o governo dos EUA atenda ao pedido, o que não é comum.
O plano de reembolso da GAS, se oficializado, deverá ser submetido pela Justiça à avaliação do Ministério Público Federal.