O governo do Paraná fez um pedido público de desculpas para Beatriz Abagge pelas torturas sofridas após ela ser acusada de envolvimento na morte do menino Evandro Ramos Caetano, em 1992. A retratação aconteceu no dia 4 deste mês, cerca de 30 anos após o episódio.
Na carta assinada pelo secretário estadual de Justiça, Trabalho e Família, Ney Leprevost, o governo manifesta repúdio pela violência realizada no intuito de conseguir que Abagge e outros acusados confessassem o crime.
"Expresso meu veemente repúdio ao uso da máquina estatal para prática de qualquer tipo de violência, e, neste caso em especial, contra o ser humano para obtenção de confissões e diante disto, é que peço, em nome do Estado do Paraná, perdão pelas sevícias indesculpáveis cometidas no passado contra a Senhora. Pedido de perdão este também, simbolicamente, extensivo a toda e qualquer outra pessoa que por ventura tenha um dia sofrido tortura estatal em território paranaense", escreveu o secretário.
"Será enviado um pedido veemente de perdão aos pais dos meninos desaparecidos. Pois, na época dos fatos, o grupo de questionável legalidade designado pelo Estado do Paraná para desvendar quem cometeu os horríveis e covardes crimes contra estas crianças, não só foi incapaz de fazê-lo assim como gerou uma série de danos", continua.
Caso Evandro
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Em 1992, o menino Evandro Ramos Caetano, de 6 anos, desapareceu na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná. Durante as investigações, o corpo da criança foi encontrada com sinais de brutalidade.
Sete pessoas foram presas e confessaram que Evandro teria sido vítima de um ritual macabro.
Tempos depois, a história teve uma reviravolta. Os acusados alegaram que sofreram torturas pela Polícia Militar para confessar o ritual contra a criança.
Segundo a defesa de Abagge, o pedido de desculpas do governo atesta a veracidade das gravações que apontam que os suspeitos foram torturados para confessarem o crime.