Ingrid alega que estava grávida de gêmeas
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Ingrid alega que estava grávida de gêmeas

Policiais da 17ª DP (São Cristóvão) investigam pelo menos dois exames feitos em clínicas particulares pela dona de casa Ingrid Valeria Santos de Oliveira, de 28 anos, que indicaram que ela estaria gerando gêmeos. Após a cesárea a qual foi submetida na Hospital Maternidade Municipal Fernando Magalhães, na Zona Norte do Rio, em 22 de outubro, entretanto, médicos teriam explicado a ela que se tratava da chamada gravidez gemelar fantasma, com o nascimento de uma única criança, e que o segundo bebê seria, na verdade, apenas o reflexo do líquido amniótico de um único feto.

Em uma das ultrassonografias, feita em 10 de julho de 2021 em uma clínica de Irajá e à qual O GLOBO teve acesso, há a descrição: “gestação gemelar, normoativo e com batimentos cardíacos rítmicos”. No exame, de sete páginas, há a análise de cada um dos dois fetos — com informações de posicionamento, aspecto da cabeça, do tórax e coluna, do abdômen, dos membros, além de biometria, análise global e comentários. O documento é assinado por um médico.

Laudo afirma gestação gemelar, normoativo e com batimentos cardíacos rítmicos
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Laudo afirma gestação gemelar, normoativo e com batimentos cardíacos rítmicos



Exame de ultrassom mostra dois fetos
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Exame de ultrassom mostra dois fetos












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A médica da Clínica da Família Estivadores escreveu dados de cada um dos fetos mostrados no exame na chamada "caderneta da gestante"




Em outra ultrassonografia, feita em outra clínica de Irajá em 24 de agosto, outro médico assina um laudo denominado “USG Obstétrica Gemelar”. Em duas páginas, o profissional afirma que a atividade cardio-fetal está com “frequência dentro dos parâmetros normais”. Ambos os exames, de acordo com Ingrid, foram apresentados por ela na Clínica da Família Estivadores, em São Cristóvão, onde foi realizado o acompanhamento pré-natal.

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O documento afirma: "paciente diagnosticada na gestação como gravidez gemelar, com nascimento de recém-nascido único"

Na unidade de saúde municipal, a dona de casa participou de 12 consultas, entre 10 de março e 22 de outubro, com médicas e enfermeiras. Em 15 de julho, após analisarem a primeira ultrassonografia, elas a encaminharam ao atendimento de “alto risco”, destinado também a grávida de gêmeos. Nos últimos dois encontros, uma médica chegou a escrever dados de cada um dos fetos na chamada “caderneta de gestante”.

Já no sumário de internação e alta do Hospital Maternidade Fernando Magalhães, onde Ingrid diz ter sido orientada a se internar para realizar a cesárea, uma médica atestou: “paciente diagnosticada na gestação como gravidez gemelar, com nascimento de recém-nascido único. Gemelar fantasma na ultrassonografia”. Sarah nasceu às 10h27 de 22 de outubro, com 50 centímetros e 3.187 quilos. Já Laura, nome escolhido para a segunda criança, não foi entregue aos pais.

"Antes do parto, as médicas disseram que minhas duas meninas estavam sentadas e saudáveis, aguardando o momento do nascimento. Mas, logo depois, me orientaram a procurar um psicólogo e falaram que os exames se confundiram e que a segunda criança era um reflexo da primeira. Meu psicológico está abalado, estou mal porque me preparei para ser mãe de duas meninas, a partir do momento que recebi a notícia de que estava gerando gêmeos. Acredito que me levaram uma das minhas filhas", disse a dona de casa, em entrevista ao GLOBO.

De acordo com delegado Márcio Esteves, titular da 17ª DP, Ingrid Valeria Santos de Oliveira procurou a delegacia no último dia 22. Desde então, ele intimou as médicas responsáveis pelo pré-natal e também pela cesárea da dona de casa para prestarem esclarecimentos na distrital e solicitou informações das unidades de saúde para encaminhamento a uma perícia indireta no Instituto Médico-Legal (IML), que deve atestar a quantidade de fetos gerados pela mulher.

Procurada pelo GLOBO, a Secretaria Municipal de Saúde informou que abriu uma sindicância para apurar o caso. Em nota, a direção do Hospital Maternidade Fernando Magalhães disse que está à disposição dos familiares. "É importante esclarecer que, apesar de o pré-natal ter sido feito em uma clínica da família, por opção da paciente as ultrassonografias foram feitas na rede particular", destacou.

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