O Ministério Público estadual do Rio, em nova denúncia contra Glaidson Acácio dos Santos por tentar matar um concorrente, Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, em março de 2020, aponta suspeitas de que o Faraó dos Bitcoins pode estar envolvido em outro crime. No documento, ao qual o GLOBO teve acesso, o MP descreve o perfil violento de Glaidson, demonstrando sua atuação no sentido de eliminar seus concorrentes, e cita uma instifação do faraó com a atuação da empresa Black Warrior, que funcionava em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio. Um dos sócios da firma foi alvo de uma tentativa de homicídio em 10 de junho deste ano.
Em uma conversa pelo WhatsApp com um funcionário identificado como Daniel, no dia 8 de maio de 2021, Glaidson reclama da atuação da Black Warrior e pede que o interlocutor resolva a questão. "Acaba com isso aí. Por questão de honra. Zera estes documentos, por favor". O diálogo foi transcrito na denúncia do MP, ressaltando que um mês após a conversa, um sócio da empresa foi vítima de uma tentativa de homicídio, crime que ainda está sendo investigado pela 126ª DP (Cabo Frio).
Em outra conversa, no dia 1º de maio, Glaidson já havia cobrado Daniel sobre a execução de uma ação no bairro Jardim Esperança, em Cabo Frio, justamente onde o sócio da Black Warrior foi atacado.
Glaidson e outras cinco pessoas foram denunciadas pelo MP estadual o último dia 13 por tentativa de homicídio duplamente qualificado. A peça acusatória do MP já foi aceita pela Justiça e todos viraram réus, além de terem a prisão preventiva decretada. O faraó já estava preso desde agosto deste ano.
A denúncia do MP aponta Glaidson como o mandante da tentativa de homicídio contra Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, em 20 de março deste ano, em Cabo Frio. O homem foi baleado dentro de um carro de luxo. Em decorrência dos ferimentos, Nilsinho ficou cego e paraplégico. Segundo a denúncia, "o crime só não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos agentes", já que a arma falhou após o primeiro disparo e a vítima recebeu pronto atendimento médico.
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Os outros cinco que foram denunciados são: Thiago de Paula Reis, Rodrigo Silva Moreira, vulgo "Digão", Rafael Marques Gonçalves Gregório, Fabio Natan do Nascimento, vulgo "FB", e Chingler Lopes Lima. Os últimos dois estão presos e Rafael está foragido.
Glaidson teria designado a Thiago a missão de executar o concorrente, mediante promessa de recompensa. Thiago, por sua vez, teria contratado Rodrigo, Fabio Nathan, Chingles e Rafael para cometer o homicídio. Rodrigo teria atuado como intermediário entre Thiago e os demais capangas, negociando valores de recompensa com Thiago e levantando hábitos e rotinas da vítima para a execução do crime.
A motivação do crime
De acordo com a denúncia do MP, uma perícia feita no celular da vítima deu pistas sobre a eventual motivação do crime. A partir de janeiro, três meses antes do crime, Nilsinho passou a encaminhar notícias veiculadas na mídia que apontavam que a CVM suspeitava que a GAS Consultoria Bitcoin (empresa de Glaidson) praticava crimes financeiros e, por isso, havia solicitado ao Ministério Público a investigação da empresa.
Com base nas reportagens, Nilsinho passou orientar os moradores de Cabo Frio a retirar o dinheiro da GAS, afirmando que Glaidson seria preso até o final de 2021, o que levaria ao encerramento das atividades da empresa.
O potencial de Nilsinho para diminuir a quantidade de “clientes” da GAS levaria Glaidson a prejuízos financeiros que poderiam chegar à casa dos milhões de reais, segundo a denúncia.