'Faraó dos bitcoins': cúmplices estão no Caribe para fugir da prisão no Brasil
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'Faraó dos bitcoins': cúmplices estão no Caribe para fugir da prisão no Brasil

Em Punta Cana, um lugar com mar turquesa, areias brancas ecoqueiros no Caribe, cúmplices de  Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos Bitcoins”, vivem uma espécie de inferno no paraíso. Cinco deles desembarcaram no famoso destino turístico da República Dominicana no dia 23 de agosto, sem saber que no dia seguinte, quando fariam a festa de lançamento do programa decompliance da GAS Consultoria Bitcoin, Glaidson e outros sócios seriam presos. Desde então, permanecem no Caribe para escapar da prisão no Brasil (pelo menos dois deles têm mandado de prisão preventiva).

Consultores da GAS, que estiveram em Punta Cana no mesmo período, garantem que ficaram na República Dominicana os casais João Marcus Dumas e Larissa Viana Ferreira Dumas; e Vicente Gadelha Rocha Neto e Andrimar Morayma Rivero Vergel, todos denunciados por fazer parte da organização criminosa liderada por Glaidson, além de Victor Lemos de Almeida Teixeira, este último indiciado pela Polícia Federal no inquérito sobre o caso. Contra dois deles, João Marcus e Vicente, foram expedidos mandados de prisão preventiva pela Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Um grupo de 500 pessoas, entre sócios e consultores da GAS, chegou à República Dominicana no dia 23 de agosto em dois voos da Azul, fretados por Glaidson. Todos estavam hospedados no Barceló Bávaro Palace, um dos mais conhecidos e luxuosos resort de Punta Cana, para o lançamento no programa de compliance e o anúncio de parceria da GAS com uma instituição bancária, cujo nome não foi revelado.

No flanco direito da praia de Bávaro, o Barceló Bávaro Palace dispõe de spa, piscinas, ginásio, centro comercial, cassino aberto 24 horas, 11 restaurantes, com comida japonesa, mexicana tradicional, carne, peixe, e cozinha internacional, 15 bares e um campo de golpe. Para percorrer todas as atrações, o hotel oferece um trenzinho aos clientes. Todos os quartos contam com banheira de hidromassagem. O site do Bávaro informa que as diárias partem de US$ 217 (R$ 1.184,47 pela taxa de quarta-feira, dia 10).

A denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal acusa Glaidson e outras 16 pessoas de montarem em Cabo Frio, na Região dos Lagos, uma pirâmide financeira disfarçada de investimentos em bitcoin. O esquema, de acordo com a denúncia, apurou 67 mil clientes, com umvolume de R$ 38 bilhões em movimentação financeira de 2015 aos dias atuais. Porém, até o momento, as autoridades só conseguiram apreender cerca de R$ 200 milhões. Do restante, é sabido apenas que a venezuelana Mirelis Diaz Zerpa, mulher de Glaidson que está foragida, conseguiu sacar R$ 1 bilhão em bitcoins logo após as prisões.

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A investigação concluiu que a estrutura de GAS contava com quatro níveis, sendo o primeiro encabeçado por Glaidson e Mirelis, fundadores da empresa. Na camada situada imediatamente abaixo da cúpula da organização criminosa, estavam o que a PF e o MPF denominaram de “sócios”, pessoas deconfiança de Glaidson, na qual se destacavam Vicente e Adrimar (também venezuelana). Logo abaixo, vinham os “sócios-administrativos”, responsáveis pela “operacionalização da atividade da empresa, como gestão de contratos, recebimento e pagamento de valores”, nos quais figuram João Marcos, Larissa e Victor Lemos. Abaixo, estavam os consultores.

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Outros dois sócios de Glaidson, o casal Tunai Pereira Lima e Márcia Pinto dos Santos, foram presos dentro de um avião de carreira, na madrugada do dia 24, no Aeroporto de Guarulhos, quando tentavam viajar para Punta Cana.

O evento na República Dominicana, afirma quem esteve lá, repetiria a ostentação do encontro de fim de ano da GAS, promovido em dezembro do ano passado no Costão do Santinho, em Santa Catarina. Para expressar a satisfação com os resultados financeiros, Glaidson permitiu que os cerca de 500 convidados levassem a família, incluindo filhos, com direito a uma esticada no Beto Carrero World.

Porém, a prisão de Glaidson e outros sócios no dia seguinte à chegada a Punta Cana transformou o evento caribenho em tormento. Os consultores disseram que, desde então, tiveram de passar o dia inteiro no celular, sendo cobrados pela clientela. Os membros mais importantes do esquema, como Vicente, João e Victor, isolaram-se em seus apartamentos, sendo protegidos por seguranças, sem dar satisfação aos demais.


Um dos convidados contou que os sócios se limitaram a divulgar orientações vagas sobre procedimentos a tomar. Entre todos os presentes, houve pânico sobre o retorno ao Brasil e o risco de prisão no desembarque. Sem condições de permanecer por conta própria, os consultores e suas famílias tiveram de retornar em voos previamente fretados nos dias 4 e 5 de setembro. Eles garantem que o “pessoal do inquérito” permaneceu em solo dominicano e teria alugado uma casa naquele país do Caribe para escapar da Justiça brasileira.

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