Em uma publicação feita na quinta-feira, o Partido da Causa Operária (PCO) saiu em defesa do jogador de vôlei Maurício Souza no que chamou de “inquisição identitária”. Como escreveu o partido, considerado de extrema esquerda, o atleta “nem sequer pode expressar suas opiniões” e “a liberdade de expressão fica cada vez mais ameaçada”.
Os argumentos utilizados se assemelham aos usados por bolsonaristas nas redes sociais, que também se posicionaram ao lado do esportista. Apesar de estarem em espectros políticos opostos, não é a primeira vez que esses grupos defendem pautas similares.
Maurício, que integrou a Seleção Brasileira nos Jogos de Tóquio, foi desligado de sua equipe, o Minas Tênis Clube, após pressão de internautas e dos patrocinadores do seu clube. O movimento foi motivado por uma publicação homofóbica do atleta, no dia 12 de outubro, em suas redes sociais. Ele se mostrou incomodado com o fato de o personagem Super-Homem surgir bissexual na nova edição da revista da DC Comics.
Com a repercussão nos últimos dias, políticos e militantes bolsonaristas se posicionaram majoritariamente em favor do atleta, enquanto a grande maioria de parlamentares e personalidades de esquerda repudiaram a atitude de Maurício e defenderam seu desligamento do clube - à exceção do PCO.
“Na linha de corte do tribunal identitário, Mauricio Souza nem sequer pode expressar suas opiniões. Em mais um faniquito dos identitários, a liberdade de expressão fica cada vez mais ameaçada” escreveu o perfil do partido.
Acompanhando o texto, foram usadas as hashtags #PCO29, #ForaBolsonaro e #LulaPresidente. Já na arte compartilhada com a foto do atleta de vôlei, foi escrita a frase: Maurício Souza mais uma vítima da inquisição identitária”.
O discurso em defesa do atleta compartilha de argumentos usados pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), por exemplo. Em diversas publicações em seu perfil no Twitter, o filho do presidente da República classificou o episódio como "perseguição ideológica" e disse que aqueles que repudiaram a atitude de Maurício "apenas querem aniquilar seus opositores para chegarem ao poder".
Considerado um partido de extrema esquerda, o PCO tem também outras pautas em sua agenda que se assemelham a temas caros a bolsonaristas. Um exemplo são as críticas à vacinação obrigatória e a "agendas gays e feministas", segundo um artigo publicado no site "Brasil Sem Medo", ligado ao ideólogo da direita radical Olavo de Carvalho. Os motivos, no entanto, são diferentes: "Para o PCO são casuísmo; para os conservadores, princípios", diz o texto.
A convergência das pautas é anterior à chegada de Bolsonaro à Presidência e inclui também o porte de armas de fogo, defendido pelo presidente do PCO Rui Costa Pimenta em 2014, o fim das multas de trânsito e o voto impresso.