A CPI da Câmara Municipal vai investigar se a empresa Prevent Senior dava mais atenção aos pacientes particulares do que àqueles que possuíam convênio médico. A linha de investigação da comissão se abriu nesta quinta-feira após depoimentos que apontam a prática recorrente de encaminhar beneficiários do convênio para os “cuidados paliativos”, isso antes mesmo de fazer qualquer tratamento.
Um dos ouvidos pela CPI foi o paciente Tadeu Frederico de Andrade, que também falou à comissão do Senado. Aos vereadores, ele relatou que os médicos da operadora classificavam seu quadro médico como “irreversível” e tentavam convencer seus familiares de concordarem com cuidado paliativo, o que não ocorreu. O advogado foi um dos que receberam o kit covid, conjunto de medicamentos comprovadamente ineficazes para combater o coronavírus.
— Existem relatos internos, entre médicos, de que um paciente beneficiário do plano estava na UTI gerando custos e, eventualmente, a liberação deste leito de UTI para um paciente particular seria mais rentável do que aquele que estava pagando uma mensalidade — afirmou Tadeu.
A estratégia da empresa, diz ele, era convencer a família de que o paciente não tinha mais salvação e, por isso, o cuidado paliativo garantiria que ele não fosse mais sofrer.
Para apurar as acusações, a CPI aprovou um requerimento de autoria do vereador Paulo Frange (PTB), que também é relator, solicitando informações sobre pacientes do convênio e particulares. A comissão quer saber quantos estiveram ou estão na UTI, por quanto tempo ficaram internador e se tiveram alta ou óbito. Segundo o presidente da comissão, vereador Antonio Donato (PT), essa será uma das linhas de investigação da CPI.
Nesta quinta-feira, a CPI da Câmara Municipal de São Paulo ouviu, além de Tadeu, familiares de pessoas que morreram de Covid-19 em hospitais da rede. Dois deles afirmaram ter solicitado à operadora de saúde o prontuário médico de seus entes após a Prevent Senior ter assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no qual se compromete com o Ministério Público de São Paulo a enviar esses documentos quando requisitados. A formalização do compromisso foi feita na última sexta-feira e, em tese, já está valendo.