Prevent Senior
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Cerca de 40% dos pacientes internados em estado grave com Covid-19 na rede da Prevent Senior em 2020 morreram, segundo dados apresentados pela Covisa, órgão de Vigilância Sanitária vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, à CPI da Prevent Senior , da Câmara Municipal de São Paulo, nesta quinta-feira. O número é maior do que os 22% citados pelo diretor da operadora, Pedro Batista, em depoimento à CPI da Covid, do Senado Federal.

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De acordo com Luiz Artur Vieira Caldeira, coordenador da Covisa, a Prevent Senior notificou 7.705 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2020, entre os quais 5.431 foram provocadas pela Covid-19. Deste total, 2.210 morreram, uma taxa de mortalidade de aproximadamente 40%. Em 2021, o percentual caiu para 35,16%. Os números fazem parte do sistema Sivep-Gripe, banco de dados oficial de Síndrome Respiratória Aguda Grave.

O presidente da CPI, vereador Antonio Donato (PT), afirmou ao final da sessão que os números apresentados pela Covisa causaram "espanto" pela "alta taxa de mortalidade nos hospitais da Prevent".

— É uma linha de investigação da CPI que começa a andar — afirmou o petista.

O representante da Covisa também disse em depoimento à CPI que solicitou à Secretaria Estadual de Saúde intervenção temporária nos hospitais da Prevent Senior que estavam descumprindo as normas sanitárias na pandemia da Covid-19. O documento, enviado no dia 27 de março de 2020 ao órgão, até hoje não teve resposta.

O pedido de intervenção foi elaborado após duas inspeções da Covisa em hospitais da operadora de saúde. A primeira inspeção, realizada no dia 18 de março do ano passado, verificou uma série de irregularidades, tais como: atraso na notificação de casos e óbitos suspeitos e confirmados de Covid-19; concentração de casos suspeitos de toda a rede Prevent na unidade Paraíso, o que ocasionou o aumento súbito de demanda e superlotação; ausência da realização de exames para pesquisa de influenza; ausência de notificação de suspeita de surto de infecção por Covid-19 intra-hospitalar; quantidade insuficiente de kit para confirmação de casos de coronavírus; além da internação, no mesmo ambiente, de pacientes com sintomas parecidos, mas que não tinham qualquer confirmação da doença.

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Após verificar o descumprimento das normas sanitárias e as falhas no processo de prevenção e controle de infecção da doença, a Covisa abriu um processo administrativo sanitário e autuou a empresa. Foram feitas uma série de orientações técnicas e a própria Prevent Senior se comprometeu a fazer as adequações.

No dia 23 de março, a Covisa fez uma nova inspeção, onde continuou verificando irregularidades. Uma delas, relatadas por Caldeira, foi o não preenchimento de parte dos relatórios de óbito redigidos pela empresa. Depois disso, foi encaminhado à secretaria estadual de saúde um ofício pedindo providências:

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— Solicitamos a intervenção temporária no Sancta Maggiore, unidades Paraíso, Pinheiros e Paulista até que a instituição cumpra as normas do código sanitário vigente. Junto com a notificação, foi encaminhado uma cópia do relatório completo da inspeção — disse Caldeira.

Até hoje, segundo ele, não houve uma resposta oficial por parte do Estado. A única medida que a Covisa teve conhecimento foi a realização de uma inspeção do estado, mas cujo resultado não foi comunicado.

Próximos passos

Ao final da primeira sessão da CPI, os vereadores aprovaram uma requerimento solicitando o comparecimento de um representante da secretaria estadual de saúde para explicar sobre a ausência de uma resposta à Covisa. Na próxima quinta, a comissão recebe Jorge Venâncio, do Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, e a advogada Bruna Morato, que representou 12 médicos na CPI do Senado.

Entre os nomes chamados para comparecer à comissão nas próximas semanas estão Tadeu Frederico de Andrade, paciente da prevent que depôs à CPI do Senado; Irene Abramovich, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; e Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina.

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