Quase metade dos alunos de escolas públicas não conhece o ensino técnico, afirma pesquisa encomendada pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho. Além disso, 32% afirmam que só ouviram falar da modalidade.
O levantamento, realizado pela Plano CDE, empresa especializada em avaliação de impacto, ouviu mil jovens que cursam o 9º ano do ensino fundamental e o 1º ano do Ensino Médio da rede pública de todas as regiões do país, entre os dias 5 e 28 de julho.
"Esse desconhecimento é grande porque a oferta de ensino profissional no Brasil ainda é muito pequena, de só 12% das matrículas", afirma a superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue.
Por outro lado, 69% revelam alta ou muito alta a possibilidade de cursá-lo caso tivessem a oportunidade de conciliar com o ensino regular e 93% concordam que deveria ter o ensino profissionalizante nas escolas de Ensino Médio para todos os estudantes que tiverem interesse.
"Este estudo é de extrema importância, porque destaca a relação entre escola e trabalho, a partir de dados que chamam a nossa atenção: 90% dos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio consideram que a escola deveria prepará-los para o mercado de trabalho", afirma o secretário geral da Fundação Roberto Marinho, Wilson Risolia.
Porém, 84% acham que há poucas escolas com essa modalidade de ensino, 53% dizem não ter nenhuma perto de casa, 54% não conhecem escola técnica e 45% sequer já ouviram falar de alguma instituição do tipo, o que acarreta desestímulo para considerar a modalidade.
"A pesquisa enfatiza o potencial do Ensino Médio na formação profissional dos jovens e a preferência manifestada por eles pela qualificação para o trabalho, enquanto estudam. Este achado do estudo reforça a relevância da Lei da Aprendizagem, que mantém o jovem na escola ao mesmo tempo em que oferece a oportunidade do primeiro emprego, com todas as garantias", diz Risolia.
Os estudantes também demonstraram relevância em ter acesso ao mundo do trabalho no Ensino Médio. Para 83% deles, o ensino técnico poderia ajudar a conseguir um emprego, e 98% acham importante a escola capacitá-los para o mundo do trabalho, enquanto 75% acreditam que a escola prepara pouco ou nada para o mundo profissional. Ao mesmo tempo, 56% dizem que o ensino técnico facilitaria a entrada na faculdade.
Na avaliação de Inoue, o ensino técnico brasileiro carrega um estigma que desde sua criação em 1909. Naquele momento, o decreto de sua instituição afirmava que ele existiria para “atender os pobres, desvalidos da sorte da fortuna”.
"Era uma formação mais alienada. O profissional era formado em uma área e não tinha possibilidade de crescimento. A gente tem que avançar para um ensino técnico moderno, em que os cursos de adaptem muito rapidamente em função das mudanças exigidas pelo mercado de trabalho", analisa.