Polícia Civil enviará à PF informações sobre helicóptero sequestrado
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Polícia Civil enviará à PF informações sobre helicóptero sequestrado

A Polícia Civil do Rio irá compartilhar com a Polícia Federal (PF) informações sobre o caso do helicóptero sequestrado no último domingo em uma tentativa frustrada de resgate de presos na penitenciária em Bangu . Segundo William Pena, chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil, compete à Polícia Federal a análise.

"Estamos reunindo elementos para compartilhar esse material com eles. Tudo que se refere a questão do voo como autorização, suposto tempo que a aeronave ficou sem dar sinal cabe à PF e cooperaremos com eles nesse sentido", explicou o delegado em entrevista coletiva.

Imagens mostram suspeitos de sequestrar helicóptero

A Polícia divulgou as imagens dos suspeitos que sequestraram um helicóptero e tentaram, sem sucesso, resgatar um preso no Instituto Penal Vicente Piragibe, na Zona Oeste, no último domingo. Nas imagens de câmeras do heliponto da Lagoa, é possível ver os dois lanchando antes do embarque. Um deles chega a fumar. Em seguida, o grupo é visto em direção à aeronave, que decolou para o Recreio dos Bandeirantes antes de seguir rumo a Angra dos Reis. De acordo com as investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), os dois são integrantes de uma quadrilha que domina a comunidade do Sabão, em Niterói.

São eles Marco Antônio da Silva, o Pará, gerente do tráfico de drogas da região — e com mandando de prisão em aberto —, e Khawan Eduardo Costa Silva, que nunca havia sido preso.

Em um primeiro vídeo, que é de 10h56 de domingo, Pará e Khawan chegam no heliponto da Lagoa para o embarque na aeronave. Um carrega uma bolsa a tiracolo. Em seguida aparece Khawan arrastando uma mala pequena de rodinhas. Para a Draco, ali dentro estavam dois fuzis, usados para render Adonis Lopes no trajeto de volta de Angra dos Reis. Um segundo vídeo mostra o momento em que eles foram até o local para fazer o pagamento de R$ 14,5 mil em espécie. Um terceiro homem que faz o pagamento também foi flagrado nas imagens.

Leque para investigação

Segundo o delegado William de Medeiros Pena Júnior, titular da Draco, a investigação “abriu um leque” para apurar em uma segunda fase se Márcio Gomes de Medeiros Roque, o Marcinho do Turano; Carlos Vinícius Lírio da Silva, o Cabeça; e José Benemário de Araújo, o Benemário, deixariam o presídio” na aeronave. Eles estavam do lado de fora da cadeia, e estariam postergando para seguirem para suas celas após a visita.

A Draco acredita que o traficante Cabeça seja o principal suspeito de ser o mentor do plano de fuga. A Polícia Civil vai solicitar as câmeras de segurança da Seap para analisar a conduta dos presos que poderiam ser beneficiados com a fuga.

Mais cedo, o secretário de Administração Penitenciária Fernando Veloso informou ao Globo que quatro presos estavam do lado de fora da cela, o que a atenção da inteligência da pasta. Veloso evitou falar nos nomes. Mas, agora já se sabe que três deles são os traficantes: Marcinho do Turano, Cabeça e Benemário, este último preso em 2013 no Paraguai e que tem influência no tráfico de drogas da Favela do Mandela.

Carro apreendido

Nesta quarta, a Polícia apreendeu o carro usado por dois criminosos para ir até o heliponto da Lagoa, na Zona Sul do Rio, no último domingo. Eles são investigados pelo . O objetivo da dupla seria resgatar um preso no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O heliponto foi o local de embarque dos bandidos com destino a Angra dos Reis, no Sul do estado. O alvo seria o traficante Márcio Gomes de Medeiros Roque, o Marcinho do Turano.

A dupla foi levada ao local por um motorista de aplicativo, que contou à polícia que recebeu R$ 100 pela corrida, iniciada em Niterói e paga por um terceiro homem, que os aguardava no estacionamento do heliponto. Ele disse ainda que não tinha conhecimento de que os homens eram criminosos.  Após ser ouvido em delegacia, ele foi liberado.

Nas imagens que foram analisadas pela Polícia Civil, o carro passa pela Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, às 10h02 de domingo. Apenas mais de 40 minutos depois, o veículo entra no estacionamento do heliponto da Lagoa. Entre 10h48m e 11h os suspeitos ficaram dentro do local de onde saem os voos. Lá, de acordo com os investigadores, um terceiro suspeito pagou R$ 14 mil em dinheiro vivo pela viagem aérea. Às 11h, apenas dois homens embarcam na aeronave que foi fretada de uma empresa de táxi-aéreo com sede no Recreio dos Bandeirantes.

A Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas (Draco) suspeita que membros da maior facção aprovaram o plano de fuga. Além de Márcio Gomes de Medeiros Roque, a delegacia investiga se outros traficantes também deixariam o Instituo Penal Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó, na aeronave. Nessa terça-feira, Marcinho foi transferido da unidade para Bangu 1, cadeia de segurança máxima do sistema prisional do Rio.

Por volta das 10h30m desta quarta-feira, um agente penitenciário chegou à Draco para entregar cinco celulares e um roteador de internet. Todo o material estava em celas do Instituto Penal Vicente Piragibe. De acordo com informações da polícia, os aparelhos telefônicos serão periciados para saber se os celulares foram usados para repassar as ordens da fuga para pessoas que estão fora da cadeia.

As viagens

Na tarde desta terça-feira, durante três horas, Leandro Monçores de Araújo, de 42 anos, o piloto que levou até Angra dos Reis os dois acusados de sequestrar um helicóptero para resgatar comparsa em presídio do Rio prestou depoimento na Draco. O comandante está na empresa de táxi-aéreo desde dezembro do ano passado.

Ao sair da especializada, ele contou que, quando chegou à Lagoa, três homens já o esperavam. Um fez o pagamento em dinheiro vivo; os outros dois embaracaram. Ele também afirmou que os suspeitos estavam com uma mala de mão e que passou aos investigadores informações sobre as características de ambos.

"Eu estava na escala no dia do voo e fui convocado para levar o pessoal a Angra. Foi um procedimento normal, corriqueiro e que a gente sempre está fazendo. Levei e na volta, como eu não eu não estava me sentindo muito bem, fui tirado. Sem prejulgamento, de tipo de classe social e cor, eram passageiros normais. Eram três homens: um que contratou e os dois que foram. Só dois voaram. O contratante pagou, os dois embarcaram e voaram", relata Leandro, que continua:

"(Após o pagamento) Eu decolei da Lagoa, por volta de 11h15m, fui para a empresa (no Recreio) abastecer, fiquei lá 15 minutos e em seguida fomos para Angra. Deixei eles e voltei", conta o piloto. Leandro contou ainda que o pagamento foi feito em espécie pelo contratante da aeronave. 


Na volta, ordem para ir a presídio

No mesmo dia, horas depois, às 17h, outro piloto, Adonis Lopes de Oliveira, que é da Polícia Civil, foi chamado para transportar os dois homens de Angra para o Rio. Após embarcarem, eles anunciaram sua verdadeira intenção: resgatar um detento no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.

Armados com pistolas e fuzis, eles exigiram a mudança de destino, mas Adonis conseguiu frustrar o plano fazendo manobras e desviando a rota, que teve entre os pontos o Batalhão de Bangu, onde fez movimentos bruscos com o helicóptero para chamar a atenção do que acontecia no interior da cabine. O desembarque dos criminosos foi feito no Morro do Caramujo, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Eles ainda não foram localizados.

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