Empresário no ramo de comidas e investidor de criptomoedas. Era assim que Alluan de Almeida Brito Araújo, conhecido como Alfafa, se vendia nas redes sociais para os mais de 11 mil seguidores. No entanto, para a Polícia Civil e o Ministério Público do estado, “ele é um dos maiores traficantes do droga do asfalto dos últimos tempos”. O traficante, morador de Laranjeiras, passou a ser investigado após ser preso em abril deste ano, no Leblon, quando estava com 1,5 quilo de maconha.
O produto — que era puro, de acordo com os investigadores — seria trocado por um fuzil. Naquela ocasião, dois celulares foram apreendidos. Nele, após perícia, a Polícia Civil descobriu uma sofisticada rede de venda de drogas por delivery que abastecia usuários dos bairros nobres do Rio. Alfafa chegou a ficar preso, foi solto em 21 de maio e respondia em liberdade por tráfico de drogas. Agora voltou para a cadeia.
Na manhã desta sexta-feira, a Civil e o Ministério Público Estadual deflagraram a Operação Batutinha contra a quadrilha que usava do WhatsApp para fornecer drogas. Entorpecentes como cocaína, maconha, skank, haxixe e LSD, que os criminosos diziam ser puras, eram fornecidos aos clientes de classe média alta.
Para os promotores, a quadrilha era bastante estruturada. Alluan contava com pelo menos dez fornecedores de drogas. Além de ter um ex-policial militar como seu segurança.
"Identificamos diversos integrantes e delimitamos a participação de cada um. O Alluan é o chefe dessa quadrilha. Ele fazia o contato com os usuários, moradores de bairros de alto padrão. Além disso, (ele) contava com motoristas que faziam a entrega das drogas, fornecedores que faziam o contato com os distribuidores e também com a participação de um segurança que fazia a escolta com um fuzil", relata Eduardo Fonseca, promotor do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
De acordo com a Civil, durante as investigações foi identificado que matutos traziam drogas de fora do país. O objetivo de Alluan era se tornar o maior fornecedor de drogas puras do estado. Ele atuava há pelo menos dois anos.
— Notamos que essa quadrilha tinha a participação de matutos que traziam drogas de fora do país para ele. Hoje, durante as buscas, encontramos uma estufa profissional com plantação de maconha de alta qualidade. Eles não queriam mais pagar para traficantes internacionais. Queriam produzi-las. Eles importavam drogas de alta qualidade. Além do lucro do varejo, eles perceberam que o grande lucro seria no atacado e eles já queriam exportar a droga — destaca o delegado Gustavo Rodrigues Ribeiro, titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme).
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Para facilitar a operação e dificultar o rastreio do pagamento, os criminosos passaram a usar moedas digitais nas transações.
— Eles passaram a receber e criptomoedas. Por conta disso, a justiça desmembrou o inquérito para a lavagem de dinheiro — completou o delegado.
Na operação de hoje, os investigadores apreenderam um certificado de criptomoedas, celulares e documentos para um possível desdobramento.
"O material apreendido hoje vai servir para identificar outros participantes. Essa é prisão preventiva e vamos quebrar o sigilo dos telefones, que será analisado. Os denunciados vão responder por tráfico, associação ao tráfico, resistência e receptação", destacou o promotor do Gaeco.
A 19ª Vara Criminal expediu as ordens de prisão e de busca e apreensão. Até as 13h, 14 pessoas foram presas durante a operação.