A venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerpa , de 38 anos, — esposa e sócia de Glaidson Acácio dos Santos , de 38, na GAS Consultoria Bitcoin — é quem coordena os trades da empresa. É o que diz uma investigação da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) da Polícia Civil do Rio. Na última semana, os investigadores concluíram a apuração e remeteram para o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio. Eles pedem o indiciamento de Glaidon, sua mulher e outras 14 pessoas pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, crime contra a relação de consumo e contra a economia popular. Em paralelo, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal também investigam o casal. Glaidson está preso desde o último dia 25. Já Mirelis está nos Estados Unidos e é considerada foragida. Seu nome consta na difusão vermelha da Interpol para extradição.
"Na investigação (detectamos que) é ela que coordena os trades. Nos contratos, eles passam para os clientes que é a Mirelis Zerpa que comanda os investimentos", afirma o delegado Leonardo Borges Mendes, titular da DCOC-LD, que investiga Glaidson e a organização.
Ainda de acordo com o delegado, em seu relatório, o esquema liderado por Glaidson, o " faraó dos bitcoins ", que movimentou mais de R$ 38 bilhões em seis anos , vai gerar uma "enxurrada de registros de estelionato em todo o Brasil". Para os investigadores, a GAS Consultoria é usada para um esquema de pirâmide financeira .
No relatório final encaminhado ao Gaeco, que contém 108 páginas, a Polícia Civil sustenta que “(A GAS) recruta massiva quantidade de dinheiro de clientes que são levados a erro, pois acreditam que estão corretando bitcoin, mas que na verdade são remunerados com pagamentos de dinheiro de novos contratos, criando uma pirâmide insustentável”.
"Vimos que o lucro obtido pela empresa é de pirâmide. O dinheiro usado para pagar quem investe vem de novos investidores. As pessoas são estimuladas a fazer novos aportes com frequência. A maior parte desse dinheiro sai das contas da GAS e fica na conta do Glaidson, da Mirelis, da Tunay (Pereira Lima), do Vicente (Gadelha Rocha Neto), dentre outros integrantes da organização criminosa", destaca o delegado Leonardo Borges.
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Vicente Gadelha Rocha Neto era sócio de uma empresa que recebeu quase R$ 28 milhões da GAS. As empresas que fazem os investimentos em criptomoedas são chamadas de exchanges, que estão para o mercado de criptoativo assim como as corretoras estão para o mercado de ações. No contrato assinado pelos clientes com a GAS, consta que os investimentos são feitos na maior exchange do mundo. Segundo a investigação, Glaidson nunca teve uma conta nessa exchange. Já Vicente tem mais de R$ 20 milhões em criptomoedas.
"Oficiamos a Binance (bolsa global de criptomoedas que fornece uma plataforma para a negociação de mais de 100 moedas criptográficas), e nos informaram que a GAS Consultoria nunca teve conta lá. O principal líder dessa organização (Glaidson) abriu uma conta pessoal e fez um aporte só de bitcoins em quantia superior a R$ 1,2 bilhão. Sabemos que passaram por essa conta 4.600 bitcoins", destaca o delegado.