A casa duplex num condomínio de luxo em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio, onde o ex-vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), levava as namoradas e os filhos delas para passarem os fins de semana, continua à venda. O menino Henry Borel, de 4 anos, morto em 8 de março, chegou a ir lá com a mãe, a professora Monique Medeiros. Ela e Jairinho se encontram presos, acusados pelo homicídio da criança , ocorrido no apartamento do ex-parlamentar, na Barra da Tijuca.
A placa de venda do imóvel chegou a ser removida, no entanto, há menos de um mês, ela voltou a ser fixada no muro formado por plantas ornamentais. O imóvel chama atenção pelo seu tamanho. Há 11 quartos na casa, sendo seis suítes, além de uma piscina que lembra o formato de um coração. Moradores do condomínio, que não quiseram se identificar, acreditam que os compradores desistiram de fechar o negócio por causa do histórico da casa. Algumas ex-namoradas de Jairinho, em depoimento à polícia, disseram que os filhos chegaram a lhes contar que foram torturados no local, depois da tragédia da morte do menino Henry.
O GLOBO ligou para o número de telefone exibido na placa com a inscrição de "vende-se", mas ninguém atendeu, nem retornou o contato por meio de aplicativo de mensagens. O registro do 1º Cartório de Mangaratiba informa que o imóvel foi comprado por R$ 220 mil pela irmã de Jairinho, Thalita Fernandes Santos, em novembro de 2011.
Em janeiro de 2014, consta a incorporação da propriedade pela LML Participações e Investimentos S/A, que tem como sócios a própria Thalita e o empresário Daniel Paulo Ribeiro de Carvalho, ex-cunhado de Jairinho, irmão de Ana Carolina Ferreira Netto, mãe dos dois filhos do vereador. A transação, de acordo com o documento, foi de R$ 450 mil. Isso significa que, caso o comprador pague o preço cobrado agora pela família, a casa sairá por um valor seis vezes superior ao de sete anos atrás.
A casa está sendo vendida desde abril, depois da morte de Henry Borel. O GLOBO chegou a falar com o responsável pela venda do imóvel. A pessoa que atendeu o celular do anúncio de venda se apresentou como Júlio. Perguntado sobre as condições do imóvel, ele exaltou o conforto da construção que classificou de “maravilhosa”.
A venda era “diretamente com o proprietário” e do tipo “porteira fechada”, o que significa que vai com todos os móveis e objetos de decoração estariam incluídos. O vendedor brincou: “Só precisa levar escova de dente e roupa de cama”. O condomínio custa cerca de R$ 800, e os documentos, de acordo com o vendedor, estavam “ok”. As visitas poderiam ser feitas aos domingos.
Thalita já teve outro imóvel no condomínio. Ela e Jairinho foram donos de uma outra casa, vendida em 30 de setembro de 2011, cerca de um mês antes da aquisição da residência, que está à venda agora. O advogado de Jairinho, Braz Santa Sant'Anna , disse à época da primeira reportagem que o imóvel não consta no nome de seu cliente. O Ministério Público do Rio (MPRJ) chegou a pedir o bloqueio dos bens do ex-parlamentar, com o propósito de indenizar as vítimas do médico.