Hackers invadem cerimônia judaica virtual e atacam fieis com pornografia no Rio

Mensagens de ódio foram deixadas durante encontro da Associação Religiosa Israelita (ARI), que reunia cerca de 50 pessoas para homenagear Dora Fraifeld, ex-diretora da escola Eliezer Max

Foto: Reprodução
A Associação Religiosa Israelita (ARI), em Botafogo, que promoveu o evento virtual para homenagear Dora Fraifeld, ex-diretora da escola Eliezer Max

Um grupo de hackers invadiu, na noite deste domingo, dia 22, uma cerimônia virtual promovida pela Associação Religiosa Israelita (ARI) para homenagear Dora Fraifeld, ex-diretora da escola Eliezer Max, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Os criminosos postaram na página do evento online, que reunia 50 pessoas, mensagens de ódio e ofensas a judeus e ainda vídeos pornográficos. O caso será registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

As mensagens com xingamentos e ameaças aos judeus começaram a ser enviadas pouco depois das 19h por meio da plataforma virtual em que acontecia o evento. “Vou entrar em sinagogas e matar todos para ver o sofrimento de vocês, judeus imundos”, “Vamos queimar a ARI” e “Morte aos judeus”, diziam alguns dos textos. Logo depois, foi postado um vídeo em um casal aparece fazendo sexo. O responsável pela administração da página então cancelou a reunião e abriu um novo link.

Para Alberto David Klein, presidente da Federação Israelita do Estado do Rio (Fierj), as ofensas simbolizam um ataque de ódio a grupos minoritários.

"Esse grupo se aproveitou de um evento aberto ao público para entrar na plataforma e soltar frases com insinuações de apologia ao nazismo. Nossa preocupação é que, com a proximidade do Ano Novo Judaico, que tem início em 6 de setembro, as cerimônias presenciais e virtuais se intensificam e, com isso, o risco de novos ataques também. Classificamos essas ações como terroristas, pois geram pânico, medo e terror".

A Fierj vem acompanhando os casos de intolerância e nota um aumento considerável desses crimes. Ele explica que é preciso educação e conscientização para que a sociedade aceite a diversidade. Há duas semanas, O GLOBO mostrou que foi instaurado um inquérito para apurar o crime de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional em panfletos com ofensas a judeus jogados em ruas de condomínios da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Os milhares de papéis com a mensagem: “Judeus acumuladores compulsivos de ouro diamante e dólares” estavam no chão do Mundo Novo e Américas Park durante um fim de semana e chamaram a atenção dos moradores.

Na ocasião, Paulo Maltz, presidente do Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa (Coneplir), informou que, em casos de ataques apócrifos, cuja origem é desconhecida, os criminosos se valem do anonimato para que os casos permaneçam impunes:

"Mensagens de ódio propagadas na internet ou por meio de panfletos sem assinaturas são acobertadas pelo manto da quase impossibilidade de identificação para que se combata o racismo. Infelizmente, os tempos atuais são estranhos e todas as religiões têm sofrido com a polarização da sociedade. Isso nos preocupa e nos alerta para a necessidade de denunciar, discutir e orientar para a aceitação de todos", disse.