Patrícia Acioli
Reprodução/TV Globo
Patrícia Acioli


Dez anos após a morte da juíza Patrícia Acioli, executada por um grupo de policiais com 21 tiros, em Piratininga, Niterói, na Região Metropolitana do Rio, dois oficiais condenados pelo crime continuam integrando os quadros da Polícia Militar e recebem salários dos cofres públicos. Nesta quarta-feira, para lembrar a data, a Ong Rio de Paz depositou 21 rosas ( mesmo número de disparos que tiraram a vida da magistrada) em um monumento que foi construído no calçadão da Praia de Icaraí, em Niterói, em homenagem à juíza.

Ao todo, 11 policiais foram condenados pelo crime. Todos os praças que participaram do assassinato já foram expulsos da PM. No entanto, de acordo com o RJTV, o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira e o tenente Daniel Santos Benitez Lopes ainda não tiveram os processos de expulsão concluídos. O primeiro, segundo o portal de notícias G1, recebe salário mensal de R$ 40 mil, enquanto o segundo ganha R$ 10 mil. Três filhos de Patricia Acioli estiveram, nesta quarta-feira, no local onde a mãe foi homenageada. Eles criticaram a demora para os oficiais serem excluídos da tropa.

"A gente pagou um preço muito caro. A gente perdeu a nossa mãe. Ela era uma mãe maravilhosa, uma pessoa maravilhosa. E parece que isso saiu barato. Eles estão presos, a gente sabe disso. Mas, é revoltante saber que uma pessoa que foi a responsável ainda recebe do Estado, da Policia Militar. Nós que contribuímos, nós que somos pessoas de bem, nós que trabalhamos, nós estamos pagando o salário de bandidos, de criminosos. Principalmente depois que a gente descobriu o valor (do salário), um valor altíssimo. E quando você vê, os praças foram todos expulsos, então porque os oficiais não foram expulsos? Foi uma justiça parcial. Eles tiveram a pena, mas não tiveram a punição do Estado. Eles estão no cargo de policiais, de protetores do Estado. De quem eles são protetores? Eles mataram minha mãe numa emboscada sem nem chance de defesa", desabafou Ana Clara Acioli, filha da juíza assassinada.

Patrícia Acioli foi executada no dia 11 de agosto de 2011. Pouco antes de sair do Fórum de São Gonçalo, onde trabalhava, ela havia assinado a decretação da prisão de dois policiais que a seguiram e a mataram no Bairro de Piratininga. Os PMs faziam parte de uma milícia e eram lotados, na época, no 7º BPM (Alcântara), unidade que tinha os autos de resistência investigados pela juíza.

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Para Antônio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz, a morte da magistrada foi uma tentativa de calar a Justiça.


"O assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido há exatamente 10 anos, representou um golpe frontal desferido contra valores inegociáveis, uma vez que da sua preservação, defesa e efetividade dependem todo o sentido da vida em sociedade e sobrevivência do estado democrático de direito. Mataram covardemente uma mulher. Menosprezaram o sentimento da sua família, a começar pelos seus filhos, até hoje inconsoláveis. Tentaram silenciar a justiça. Era do conhecimento de todos o quanto ela combatia de modo destemido os crimes praticados por agentes de segurança pública do Rio de Janeiro", disse.

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