O jornal britânico The Guardian repercutiu de forma crítica o ato militar realizado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (10), em Brasília. Segundo a publicação, o ato aconteceu "ao estilo república das bananas" em uma tentativa desastrada de o presidente mostrar sua força.
Tom Phillips, o autor do texto, citou que algo semelhante não acontecia no Brasil desde a restauração da democracia em 1985. O ato aconteceu no mesmo dia em que membros do Congresso deveriam votar sobre a mudança do sistema de votação para o voto impresso.
Segundo Phillips, Bolsonaro fez uma sucessão de comentários "incendiários e antidemocráticos". "Um ex-capitão do exército de mentalidade autoritária advertiu que as eleições presidenciais do próximo ano podem não acontecer se as mudanças não forem aprovadas", completou o jornalista.
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A publicação também citou uma fala da jornalista política Thaís Oyama, que disse que esta "é uma tentativa óbvia e explícita de Bolsonaro de mostrar que as Forças Armadas estão do seu lado".
"A única língua que ele fala é a provocação. A única coisa que ele entende são ameaças e caos. Ele está obcecado em demonstrar que as Forças Armadas estão do seu lado", completou Oyama.
"Há quem diga que os chefes militares controlam o Bolsonaro ... mas acho que ele é totalmente incontrolável", disse João Roberto Martins Filho, um importante especialista militar, segundo a publicação do The Guardian.
A publicação ainda sitou a fala de outras personalidades da política brasileira, como a do senador Alessandro Vieira, que disse ser inaceitável esbanjar dinheiro público em "uma demonstração vazia de poderio militar." "O Brasil não é um brinquedo nas mãos de lunáticos", completou Vieira em seu Twitter.
Já a senadora Simone Tebet denunciou a "intimidação indevida e inconstitucional" do sistema democrático brasileiro e Omar Aziz, presidente da CPI da Covid, disse: "Bolsonaro acha que isso mostra força, mas na verdade é apenas uma evidência da fragilidade de um presidente que é encurralado por investigações de corrupção e a incompetência administrativa que causou morte, fome e desemprego em meio a uma pandemia descontrolada".
Segundo o jornal britânico, muitos consideraram o desfile de tanques, que durou cerca de 10 minutos, apresentava "uma seleção distintamente limitada de equipamentos militares expelindo fumaça, e foi assistido por apenas cerca de 100 apoiadores ferrenhos do Bolsonaro". "Como um fiasco", completou a publicação.